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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Relatos do Mundo' é filme banal e esquecível da Netflix


Tem vezes que a Netflix parece um Midas ao contrário. Tudo que toca vira qualquer coisa, menos ouro. Afinal, Relatos do Mundo é daqueles filmes que tem tudo para dar certo. Na direção, o premiado Paul Greengrass. Ele repete a parceria com o protagonista Tom Hanks, dupla vista antes no excepcional Capitão Philips. E, de quebra, ainda tem Helena Zengel, de System Crasher.


No entanto, Relatos do Mundo não poderia ser mais esquecível e banal, apesar desses três nomes que chamam a atenção e dão aquela vontade imediata para assistirmos. Ao melhor estilo de faroeste, com desertos como cenário, poeira para todos os lados e ladrões no caminho, o longa-metragem não consegue descolar a trama de um marasmo de acontecimentos genéricos.


Lembrando muito o clássico Rastro de Ódio, com John Wayne, o filme acompanha o personagem de Hanks: um capitão do exército que, após lutar em conflitos, decide viajar de cidade em cidade lendo notícias sobre o que estão acontecendo nos Estados Unidos. É nessa jornada que ele entra em contato com Johanna (Zengel), uma jovem nativa que perdeu os pais e precisa de ajuda.


Dessa forma, ao longo de quase duas horas, acompanhamos esse homem tentando levar a pequena nativa para seu povo. É um filme de jornada, tanta física quanto emocional, como já vimos por aí aos montes. Não há surpresas e Greengrass não ousa em sua abordagem bastante convencional -- apesar das oportunidades de criar uma espécie de Mad Max: Estrada da Fúria.

E o motivo disso, para mim, é bastante claro: temporada de premiações. A Universal Pictures, que produziu o filme e inclusive o distribuiu comercialmente no mercado dos EUA, queria catapultar Greengrass e Hanks para concorrer a prêmios. É claro isso. Tudo aqui cheira a Oscar: desde as atuações, os closes nos personagens, a trilha sonora, a paisagem, a fotografia...


Parece que tudo foi milimetricamente colocado na produção para agradar e ter alguma chance de ser lembrado na hora da votação. É, assim, um filme engessado. A sensação é de que Greengrass não se liberta das amarras de produtores, como vimos em Capitão Philips -- filme este que foi indicado até na categoria de Melhor Filme. Produções "sob medida" nunca são boas.


Nem mesmo Hanks e Zengel estão realmente bem. O ator de Náufrago entrega uma atuação apagada, que tem seus momentos, mas nada de destaque. Zengel está um tiquinho melhor, mas nem se compara ao que ela fez em System Crasher -- ela até repete alguns maneirismos do filme alemão, como os gritos. Já vimos os dois em papéis melhores e bem mais chamativos.


Assim, a sensação é de que Relatos do Mundo é um filme pra esquecer. Vi ele ontem e acho que, até o final de semana, vai se tornar apenas um borrão na memória. Não há grandes momentos, não há emoções que jorram a cada cena, a cada quadro, a cada história. É uma trama comum, quase banal, que apenas tenta ganhar espaço nas premiações. Não chega a ser terrível. Mas...

 
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