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Crítica: 'Ruim pra Cachorro' até faz rir, mas tensiona limites da comédia

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • 29 de set. de 2023
  • 2 min de leitura

Divulgado como sendo dos mesmos produtores de Ted, o filme Ruim pra Cachorro não deixa dúvida qual a linha de seu humor -- escrachado, sexualizado, exagerado. É, enfim, o mesmo estilo de filme não só do ursinho de boca suja, mas também de filmes como O Ditador, Festa da Salsicha e afins. É um filme pra chocar e, a partir do choque, fazer rir. Mas até que ponto?


Dirigido por Josh Greenbaum (Duas Tias Loucas de Férias) e roteirizado por Dan Perrault (Vândalo Americano), o longa-metragem conta a história de Reggie (Will Ferrell no original), um cachorro vira-lata que é frequentemente humilhado por seu dono até que é abandonado bem longe de casa. É aí que ele faz amizade com outros três cães que querem ajudar o pequeno cachorro a se vingar -- trio interpretado por Jamie Foxx, Isla Fisher e Randall Park.


Há um amor absolutamente genuíno aqui. Quando Ruim pra Cachorro faz piada com costumes e comportamentos de cachorros, há uma espécie de concordância entre filme e público de como aquilo é algo que acontece frequentemente e não percebemos mais como são coisas bizarramente divertidas ou curiosas. O filme sabe como rir dos cachorros de maneira inusitada.

Além disso, o desenvolvimento dos quatro cães é bom. Nós nos importamos com Reggie, principalmente, que é tão maltratado por seu dono. Quando ele arma um plano para se vingar, é difícil o espectador não comprar seu lado. Não é Marley & Eu, mas há emoção envolvida aqui.


O problema é quando o filme começa a esgarçar o limite do aceitável. Não há problema algum em fazer piadas de cunho sexual que envolvam órgãos genitais quando falamos de seres humanos ou seres criados com computação gráfica -- como o ursinho de Ted. Mas a coisa fica diferente quando falamos de cachorro. Por mais que haja muitos efeitos em cada cena, o longa acaba mexendo com aspectos dos corpos dos cachorros que ultrapassam o limite do aceitável.


Um cachorro não tem como aceitar uma cena. Não tem consciência. E por mais que muita coisa seja efeito especial (como uma cena inacreditável em uma prisão), fica a dúvida sobre a exposição daqueles animais, que existem de fato. A discussão ética poderia ir em um nível mais profundo ainda, envolvendo argumentos veganos, mas só isso já é o bastante para questionar.


Ruim pra Cachorro é bom enquanto comédia que ri, principalmente, do nosso comportamento em contrapartida com o comportamento dos cachorros. Mas quando parte para a sexualização exagerada, fora de tom, se torna desconfortável sem ser realmente engraçado. Uma pena. Poderia ter sido um filme mais despretensioso, divertido. Do jeito que ficou, sobrou desconforto.


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