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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Sem Ar' tem seus momentos desesperadores, mesmo sem criatividade


Sinto que já vi os primeiros 10 minutos de Sem Ar, estreia desta quinta-feira, 14 de setembro, umas quatro ou cinco vezes. É aquela típica introdução em que as personagens -- que logo mais se envolverão em uma trágica situação de sobrevivência na natureza -- são apresentadas em um cenário deslumbrante, felizes da vida, e prontas para viver um dia de esportes e desfrutando da natureza. No entanto, como sempre, as coisas não saem bem e logo ficam bem complicadas.


Como? Drew (Sophie Lowe) e May (Louisa Krause), duas irmãs de personalidades bem opostas, vão praticar mergulho em uma área bem afastada da sociedade, quando pedras começam a cair. Drew consegue escapar ilesa, mas a outra fica presa em pedras a 30 metros no fundo do mar.


Lembra (e bastante!) o que já vimos em Medo Profundo, longa-metragem onde mergulhadoras também ficam presas -- com a diferença de que, aqui, o perigo não é apenas a falta de ar, mas também a presença de tubarões. Ou seja: alguns graus acima do que vemos em Sem Ar.

Obviamente, é natural que o espectador sinta um desespero com o que está vendo na tela. O ar acabando, as idas e voltas ao fundo do mar, os problemas com pressão e por aí vai. No entanto, amplificando algo que já vimos em Medo Profundo, o roteiro de Joachim Hedén e de Maximilian Erlenwein, que também assina a direção, segue por decisões exageradamente burras.


Por exemplo: em determinado momento, Drew precisa pegar algo no porta-malas do carro. Ela primeiro tenta forçar a abertura. Quando não dá certo, tenta rasgar o banco -- mas dá de cara com uma barreira de metal. Nisso, ela começa a tentar coisas desesperadas. O problema? Ela poderia ter, simplesmente, aberto a tampa do porta-malas, acessível por dentro do carro.


São pequenas coisas que parecem bobagem, mas que acabam atrapalhando a experiência do filme. Ainda mais com a direção genérica de Erlenwein (Stereo), que coloca as duas irmãs em zonas opostas de personalidade e que não convencem ninguém. Uma é sombria demais, triste em demasia. A outra é exageradamente solar -- no início, chega a parecer de uma animação.


Enfim: Sem Ar funciona bem em vários níveis, causando desespero no público que se imagina preso no fundo do mar, 30 metros longe da superfície. No entanto, difícil ignorar que roteiro e direção parecem jogar contra o tempo todo, buscando nos tirar de dentro dessa história.

 

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