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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Space Jam: Um Novo Legado' flerta com metalinguagem, mas não vai além


Space Jam é um filme que marcou geração. A história que mistura Michael Jordan com os queridos personagens dos Looney Tunes ficou encravada na memória e no afeto de milhares, com um jogo de basquete entre os personagens, Jordan e alienígenas simpáticos. Não é um filme bom. É simples demais, até mesmo simplório. Mas, ainda assim, encantou crianças por aí.


Space Jam: Um Novo Legado, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 15, também não é realmente bom. A Warner Bros., sem dúvidas, sobe o tom ao misturar LeBron James, Pernalonga, Lola, Frajola, Coiote e companhia numa história que envolve novamente família e jogos de basquete, mas acrescentando ainda mais elementos parte de sua propriedade.


No entanto, a trama acaba sendo similar: LeBron e o filho Dom (Cedric Joe) não se entendem. O pai quer que ele siga o caminho do basquete; o menino quer desenvolver games. Rixa clássica. Depois, o protagonista é chamado para estrelar franquias (isso mesmo, no plural) da Warner Bros. Não aceita. E aí, numa série de eventos, acaba sendo sugado pelos servidores do estúdio.


É aí que começa toda a jornada de LeBron no seio das propriedades da Warner Media. Ele viaja por Game of Thrones, o universo de Harry Potter, Matrix e até Mad Max. Puro suco de referências, com piscadelas pouco discretas. Até que ele chega no universo dos Tunes, começa a se preparar para o jogo e, ao longo de quase duas horas, vemos essa competição nascer.

A direção de Malcolm D. Lee (Viagem das Garotas) é automática, burocrática. Sabe onde precisa encaixar cada uma dessas piscadelas, cada referência. Você, como espectador, vê essa narrativa sendo montada com antecedência, sem surpresas. Mas, ainda assim, dá pra se divertir: a mistura de dois universos com o Taz é muito boa e a inserção de Eufrazino é surpreendente.


E isso seria de bom tamanho se o roteiro escrito a DOZE mãos não se levasse demasiadamente sério, exagerando na dose. A duração do filme ultrapassa o limite do compreensível e o roteiro, logo no comecinho, segue por um caminho inesperado de metalinguagem dos "filmes de algoritmo". Infelizmente, porém, a produção decide abraçar o espetáculo e deixar isso pra trás.


Com esse aumento de tom, muitas falhas ficam evidentes. LeBron atua como uma pedra -- algo que foi escondido no outro filme, já que não há exigências por parte de Jordan. O roteiro também não sabe como misturar tantos personagens. É um filme engessado. Mas, de novo, isso não impede a diversão. Nostálgicos e crianças conseguem embarcar com tranquilidade na proposta.


No final, só fica uma dúvida dolorosa: qual caminho o entretenimento, e especificamente o cinema, está seguindo? Space Jam: Um Novo Legado é tudo que estávamos esperando: referências, personagens clássicos, brincadeiras visuais e por aí vai. Mas, se pararmos para olhar, é uma criança automática. Não surpreende, não ousa. É filme feito por e para algoritmo.

 

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