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Crítica: 'Stella: Vítima e Culpada' é filme equivocado em absolutamente tudo

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • há 5 minutos
  • 2 min de leitura

Assunto já desgastado nos cinemas, a Segunda Guerra gera interesse só em leituras mais ousadas, robustas, inesperadas. Não dá para dizer, de forma alguma, que a visão dos alemães sobre o conflito é novidade -- temos desde A Queda: As Últimas Horas de Hitler, passando por Os Falsários e até chegar no excepcional Barbara --, mas pelo menos é uma forma de refrescar o tema. Só que não dá para passar o pano para Stella: Vítima e Culpada, estreia de quinta, 19.


Dirigido pelo alemão Kilian Riedhof, o longa-metragem conta a história de Stella Goldschlag, uma jovem judia que, durante a Segunda Guerra Mundial, tornou-se colaboradora da Gestapo.


E é aí que começam os problemas. Stella, personagem aqui interpretada com brilhantismo pela ótima Paula Beer (Afire), é extremamente complexa. O subtítulo nacional já dá conta disso: é tão vítima como culpada. Para conseguir abraçar toda essa complexidade, o roteiro não pode se contentar em contar uma história simplesmente linear, com começo, meio e fim da jornada da personagem. É preciso achar caminhos para entender seus motivos, suas dores, seus medos.

Riedhof, um diretor obviamente medíocre, não dá conta -- muito menos o roteiro escrito por ele e por dois outros homens alemães, Jan Braren e Marc Blöbaum. Falta sensibilidade numa narrativa cheia de necessidades e obrigações que o tema impõe. Fica uma sensação ruim de inaptidão, mas também de falta de compreensão de quem era Stella Goldschlag e o que a movia.


Essa falta de sensibilidade fica ainda mais exposta com um trabalho de edição atroz. Não há ritmo, não há preocupação em preservar o roteiro. A câmera, insuportável, não para de girar; o ritmo não para de ser cortado a todo segundo de forma notadamente exagerada. É como se tudo fosse um grande espetáculo cênico mais interessado em provocar algum sentimento (de angústia, claramente) do que contar uma história. Como falei em F1: falta um pouco de cinema.


Stella: Vítima e Culpada é um dos filmes menos conscientes de sua complexidade e da necessidade de ser profundo, perspicaz. Morre na praia não só com uma personagem que nunca alcança toda a sua dificuldade de ser compreendida, como também passa uma mensagem equivocada -- como aquela de que os próprios negros se escravizaram para tentar justificar algo. Bobagem e que é difícil entender: qual o motivo de contar essa história agora?


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