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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Summer of 85’ é um tropeço na carreira do cineasta francês François Ozon

Atualizado: 5 de out. de 2020


Que filme mais bobo, banal, chato e sem graça é Summer of 85, exibido na última semana no Festival de Toronto. Dirigido pelo prolífico François Ozon (Graças a Deus, Frantz, dentre outros bons filmes), o longa-metragem prometia ser um novo Me Chame Pelo Seu Nome. Mas que nada. É um amontoado de clichês e situações absurdas em um filme apático.


Mas vamos por partes. Summer of 85 conta a história de Alexis Robin (Félix Lefebvre), um garoto um tanto quanto solitário que mora numa zona portuária com os pais exigentes. A vida do rapaz acaba dando uma guinada quando conhece, sem querer, David Gorman (Benjamin Voisin). Os dois acabam se aproximando e desenvolvendo um bom romance.


Até aí, o longa-metragem de Ozon estava aceitável. Era interessante notar as referências oitentistas do cineasta, assim como mergulhar na recriação de uma época que não volta.


No entanto, esse clima positivo dura pouco. Pouquíssimo, pra dizer a verdade. Pra começar, Ozon trata os dois personagens de maneira muita rasa. Não entendemos, ou não somos convidados a compreender, suas atitudes, gestos, maneirismos. Um pacto selado parece brincadeira de criança. O cineasta, assim, não decide qual tom dar para a história.

O relacionamento, que começa caloroso e com tons de verão, vai se tornando sem cor, banal, pouco memorável. No final, difícil alguém sentir algo além de apatia pelo romance.


O pior, porém, chega nos trinta, vinte e cinco minutos finais. François Ozon faz uma cena pior que a outra. Uma envolvendo o personagem Alexis se vestindo de mulher é constrangedora, uma das piores que vi no cinema francês nos últimos tempos. Além disso, o roteiro tenta construir uma espécie de suspense que não serve para absolutamente nada.


É um filme que tem seu clima e sua boa ambientação, sim. Mas não acerta no âmago do que está se propondo. Falha, a mensagem chega torta ao espectador e, novamente, somos apresentados à uma história LGBTQI+ que se desdobra de maneira triste, trágica. Quando os diretores vão aprender a dar mais vida, felicidade e bons momentos ao público gay?


Falta criatividade, ousadia, inteligência na condução da trama. Confesso que, se não fosse a redação escrita por Alexis, nem acharia que é um filme de Ozon. Uma pena. Merecia, aqui na nossa avaliação, duas estrelas. Mas o potencial era tanto, e havia tanto talento investido nisso, que não seria apropriado. Fica com uma estrela. E minha eterna incompreensão.


 

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