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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'That Kind of Summer' tem ideias boas, mas mal desenvolvidas


Na Mostra de Cinema de São Paulo, é inevitável encontrar algumas maçãs podres no meio de um cesto repleto de frutas vermelhinhas, suculentas, prontas pro consumo. Uma dessas frutas podres é That Kind of Summer, longa-metragem que passou nos festivais de Toronto e de Veneza, mas que não tem razão qualquer para ser tão celebrado: é uma bomba, das grandes.


Dirigida por Denis Côté (dos ótimos Curling e Os Estados Nórdicos), o longa-metragem acompanha a jornada de três jovens viciadas em sexo e que vão para uma espécie de retiro para ficar 26 dias sem sexo -- ou, pelo menos, reduzir os pensamentos acerca o tema. Para ajudá-las, três profissionais a acompanham no dia a dia, ouvindo suas queixas, dores e, claro, desejos.


A ideia e parte da execução de That Kind of Summer são interessantes. Côté aposta em um realismo quase documental na condução da história -- o estilo de filmagem lembra aquelas câmeras caseiras, tipo super 8, com cenas tremidas, zoom e afins. Há poucos cortes também na história, para deixar que as coisas fluam sem muitos sobressaltos. Tem ares experimentais.

No entanto, apesar do acerto nessa visão geral da coisa, o cineasta não consegue encontrar espaço para desenvolver seus personagens, mesmo com o filme batendo as 2h20. São seis personagens que parecem ter um equilíbrio de atenções na história -- exagerado, já que o que realmente importa são as jovens garotas precisando lidar com a enxurrada de desejos.


No final, fica a sensação que nem mesmo elas são realmente aproveitadas. Há lampejos de desenvolvimento, principalmente em monólogos bem encaixados pelas atrizes em cena, mas que nunca se completam de fato. Fica a sensação de vazio pelo vazio. E, conforme o tempo vai passando, que não há muito o que contar por aqui. Apenas depoimentos jogados aqui e acolá.


Uma pena. A sensação, no final, é de tempo perdido, de história sem estofo. Vi comentários de pessoas celebrando um cinema que não traz pungência em seu coração narrativo, que fica pra lá e pra cá trazendo essa falta de orientação como algo a dizer. Sinceramente, não concordo: um filme pode ser vazio em aparência, mas nunca vazio em conteúdo. Este é vazio de tudo.

 

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