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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'The Perfection', da Netflix, é bom terror psicológico


Charlotte (Allison Williams) foi uma violoncelista prodígio que teve que desistir de sua promissora carreira para cuidar da mãe doente. Dez anos depois, quando a mãe morre e a musicista se vê sem futuro, há uma nova tentativa de retornar ao conservatório do casal Anton (Steven Weber) e Paloma (Alaina Huffman). No entanto, no meio do caminho de seu retorno triunfal, está a jovem e talentosa violoncelista Lizzie (Logan Browning). Esta é a trama do terror psicológico The Perfection, novo filme original da Netflix.

Dirigido por Richard Shepard, que vem das séries de TV (Girls), das novelas (Betty, a Feia) e de quase-pornôs (Inside Out), o longa-metragem aposta em três arcos distintos que causam diferentes emoções. O primeiro é inesperado, nojento e um tanto quanto desesperador, tendo um bom desfecho. O segundo aposta mais na surpresa, na reviravolta, e acerta no que se propõe. Só o terceiro e último, mais focado nas revelações finais e numa trama de vingança, que deve separar os diferentes públicos.

The Perfection, que podia ganhar um título em português pra facilitar e que tem um cartaz horrível, segue uma linha parecida com filmes recentes do gênero, como O Presente, The Invitation e até o fraco Toque de Mestre. São filmes baseados em tramas, que tentam chocar com surpresas e reviravoltas, e que possuem em sua base o suspense e o horror -- por vezes, gore e escatológico. Mas sempre focando em atormentar, de alguma forma, o espectador. A sensação é de que você nada sabe ali.

Como dito, o filme possui três arcos distintos e dois funcionam muito bem. Ao longos dos 90 minutos, então, 70 deles são transcorridos com uma agradável surpresa. O primeiro não poupa o espectador de momentos verdadeiramente escatológicos e faz o público seguir por um caminho lógico. A boa atuação da dupla de protagonistas ajuda no processo também. Allison Williams (Girls) se sai bem fora do mundinho fechado das séries, enquanto Logan Browning (Cara Gente Branca) cai mais para o tom histriônico.

Já no segundo arco, ambas dividem mais espaço com Steven Weber (um eterno coadjuvante de séries) e Alaina Huffman (Sobrenatural). Ambos possuem algo de misterioso no ar, graças a boas atuações, e ajudam a criar o clima geral. Depois da primeira reviravolta, o roteiro de Eric C. Charmelo, Nicole Snyder (ambos, também, de Sobrenatural) e do próprio Shepard parece amansar. Mas é apenas um blefe para pegar o espectador rapidamente. É interessante, audacioso e corajoso, em partes.

A escorregada, de fato, se dá no terceiro arco. A personagem de Williams faz uma revelação, o filme volta a usar um divertido recurso de flashback e a explicação para tudo que está acontecendo na tela, que transita entre o chocante e o surpreendente, parece não encaixar tão bem. Falta uma liga, algo entre um fato e outro. A personagem de Logan Browning sofre uma terrível reviravolta, mas parece lidar muito bem com o fato em questão. Não tinha outra forma? Outros meios viáveis? Nada, nada? Estranho.

A última cena, porém, ajuda a elevar esse arco de conclusão e a fazer com que o filme volte ao que lhe fez bem nos primeiros 70 minutos: violência, gore e boas reviravoltas. É, afinal, uma produção que quer chocar, seja graficamente ou narrativamente. E isso faz bem. O problema mesmo é só quando tenta dar ordem nesse caos quase teatral. Fica artificial. Se esquecer disso, e focar nesses bons momentos, o filme é surpreendente.

 

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