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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Thor: Amor e Trovão' se perde nas ideias com trama simplista e pouco memorável


É inegável que a "fórmula Marvel" está passando por uma severa crise de identidade. Ainda que tenha saído do óbvio com Eternos, o filme que talvez seja o mais ousado do estúdio nos últimos anos, há uma dificuldade crescente em trazer inovação dentro das histórias ao mesmo tempo que agrada os diversos públicos que vão atrás das produções da "Casa das Ideias". Com isso, filme algum conseguiu repetir façanhas do passado. E o mesmo vale para Thor: Amor e Trovão.


Dirigido por Taika Waititi (Thor: Ragnarok), o longa tenta sair um pouco da zona de conforto. Enquanto Doutro Estranho no Multiverso da Loucura seguiu pelo caminho do terror, talvez o máximo que a Marvel chegue nesse segmento, o novo filme do deus do trovão vai pelo caminho do amor. Sim, Thor: Amor e Trovão tem pinceladas de romance que filme algum da Marvel ousou ter. Isso passa pela relação conturbada de Thor (Chris Hemsworth) e Jane (Natalie Portman).


Eles estão tentando resolver problemas passados do relacionamento enquanto duas coisas acontecem: ela enfrenta um câncer e, como saída, acaba tomando o Mjölnir para si na tentativa de se curar; e Gorr (Christian Bale), o ceifador de deuses, está aterrorizando o mundo matando divindades. É um cenário, assim, curioso: por um lado, há todo o arco dramático desse vilão, tão bem interpretado por Bale (Batman: O Cavaleiro das Trevas), e, por outro, uma história de amor.

Além disso, como sempre, Waititi segue à risca o que deve ser feito com as piadinhas mais diversas. Algumas funcionam, como os bodes que gritam ou a confusão do Korg (Waititi) com os nomes de Jane. Só que param por aí. Algumas piadas são excessivamente repetidas e até mesmo os bodes, que são divertidos demais no início, acabam perdendo um pouco da vitalidade conforme a trama avança -- as piadas da relação de Thor com Rompe-Tormentas, por exemplo.


No entanto, o grande problema de Thor: Amor e Trovão é como tudo é excessivamente simplificado. Jane precisa achar uma maneira de se curar do câncer? Aparecem livros falando sobre o poder do Mjölnir -- que está ali, despedaçado, na Nova Asgard. Precisam dar um jeito de pedir ajuda para outros deuses? Oras, simples: ele, Jane e Val (Tessa Thompson) entram nesse espaço de convivência das divindades como se não fosse nada, despercebidos e intocados.


O mais decepcionante, porém, recai na história do vilão Gorr. Apesar de toda a entrega de Bale, há apenas três grandes momentos do vilão na trama -- um bem no comecinho, depois quando ele chega em Nova Asgard e, por fim, o confronto final. São coisas muito pontuais e que não desenvolvem o personagem como deveria. Fica a sensação de que tudo ao redor de Gorr é muito fácil, muito simples. E não deveria ser assim, dada a força e a história desse personagem.


Enfim: Thor: Amor e Trovão tem uma boa trilha sonora, alguns momentos realmente divertidos e uma história que deve agradar aqueles que não buscam nada demais nos cinemas. No entanto, é um pouco frustrante, de novo, encontrar uma produção da Marvel tão perdida e que não sabe o caminho que deve seguir. Quando a cena pós-crédito é mais empolgante que o filme todo, há algum problema aí. Fica a dúvida sobre como a Casa das Ideias vai seguir um caminho tão difícil.

 

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