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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Um Filho' passa longe do retrato correto do que é a depressão


Foi em 2020 que Florian Zeller, então conhecido por dirigir e escrever peças de teatro, estreou nos cinemas com um filme belíssimo: Meu Pai. Retrata com emoção o que é o Mal de Alzheimer, com uma atuação pra lá de marcante (e oscarizada) de Anthony Hopkins. Agora, três anos depois, Zeller volta aos cinemas com um retrato complicado sobre a depressão em Um Filho.


Estreia desta quinta-feira, 23, o longa-metragem acompanha o sofrimento de Nicholas (Zen McGrath), um rapaz que está passando por um período de intensa depressão. Só que os pais (Hugh Jackman e Laura Dern), que acabaram de se divorciar, simplesmente não conseguem entender o impacto dessa situação. Não compreendem que é questão de saúde mental.


É um filme que, em essência, deveria ser desesperador -- principalmente pelo fato de que Nicholas sofre em silêncio e não sabe como se expressar. No entanto, o desespero acaba surgindo por outro motivo: a falta completa de compreensão de Zeller do que é a depressão. No retrato do diretor, Nicholas parece mais um garoto sensível deslocado do que depressivo.

É extremamente incômodo como as coisas vão se desenvolvendo. Ainda que haja algo de muito positivo aqui, principalmente na atuação de Hugh Jackman (que sempre se sai bem como esses homens sofrendo em mundos contemporâneos), muito do drama do filme se perde na tentativa de compreender o que é a depressão enquanto o filme está sendo feito. Não parece algo prévio.


McGrath, o jovem ator que tem o peso de interpretar esse protagonista, é verde demais para o papel. Oras, qualquer doença física é mais fácil de interpretar, já que há recursos de maquiagem e cênicos que ajudam a compor o personagem. Uma doença mental não é assim: o ator precisa encontrar seus próprios recursos para convencer. Hopkins achou esse ponto, McGrath não.


E o final é duro. De novo: Jackman dá um show à parte, se reafirmando como um dos grandes de sua geração. Há algo de bom no drama familiar também, típico de classes médias brancas por aí. Mas tudo aqui poderia ser melhor: desde o retrato da depressão, passando pela atuação e até chegar ao que Zeller escolhe como final. Depressão precisa de cuidado. E aqui há falta dele.

 

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