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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Vidas à Deriva' emociona, ainda que seja mais do mesmo


A luta do homem contra o mar não é uma novidade no cinema. Começou com adaptações dos romances 20 mil léguas submarinas e Moby Dick e, depois, ganhou todo um subgênero para chamar de si. Tem os lobos solitários (Náufrago, Até o Fim), a luta contra as criaturas submarinas (Tubarão, Mar Aberto), os problemas com embarcações (O Barco, Inferno no Mar) e os filmes de tragédia (Horas Decisivas, Titanic e Horizonte Profundo).

É na última categoria que se encaixa o filme Vidas à Deriva, que estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 9. Dirigido pelo bom cineasta islandês Baltasar Kormákur (Sobrevivente e Dose Dupla), o longa-metragem acompanha a história real do casal Tami Oldham (Shailene Woodley) e Richard Sharp (Sam Claflin), que viajam de barco pelo Taiti quando são atingidos por um dos mais graves furacões da região.

A partir daí, os dois precisarão contar com a ajuda um do outro para sobreviver em mar aberto enquanto tentam chegar ao Havaí, lugar mais perto de onde a embarcação está.

Como recurso narrativo, o cineasta opta por quebrar a história em duas linhas temporais. De um lado, os primeiros momentos do casal e o estreitamento de laços. Do outro, a tentativa de sobreviver à tempestade. É algo parecido com o que James Marsh fez no recente Somente o Mar Sabe. É uma estratégia arriscada, mas que funciona neste tipo de história. Afinal, quando ela desacelera num tempo, acaba ganhando força em outro.

No entanto, ainda que haja essa iniciativa de quebrar a narrativa, a história se assemelha à tudo que já foi contado da luta do homem no mar. Uma ou mais pessoas sofrem um acidente imprevisto e, a partir daí, precisam se virar para sobreviver e esperar por ajuda. Se estiver sozinho, coloca uma figura como uma gaivota (Águas Rasas) ou de uma bola (Náufrago). Se estiver com alguém, melhor ainda. Fica mais fácil.

O que faz com que Vidas à Deriva ganhe alguns pontos neste subgênero já saturado são três acertos. O primeiro é o entrosamento da dupla Shailene Woodley (Divergente) e Sam Claflin (Como Eu Era Antes de Você). Os dois possuem química e conseguem levar o filme praticamente sozinhos. Os momentos mais extremos, quando se exige fisicamente dos dois, também funciona em tela. Não duvido que pinte uma indicação para Shailene.

Outro ponto que eleva a produção é o incrível trabalho de computação gráfica feito nas cenas da tempestade. É desesperador, é realista, é muito bem feito. Difícil o filme ficar datado em algum momento. E, por fim, há uma sacada de roteiro muito inteligente. Ainda que seja um outro clichê do gênero, necessário para dar dinamismo à história, ele é bem empregado e ajuda a fazer com que o filme termine numa nota alta, surpreendendo a audiência.

Vidas à Deriva, assim, não é a reinvenção da roda dos filmes que mostram a luta do homem contra o mar. Até o Fim, com Robert Redford, ainda é o longa-metragem recente que mais quebrou convenções do gênero. Ainda assim, o filme de Baltasar Kormákur -- que já faz sua terceira aposta nas histórias de tragédias após Everest e Sobrevivente -- causa emoção genuína e surpreende os corações mais frios. Boa pedida.

 
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