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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Volume Morto' é interessante filme sobre sociedade e educação

Atualizado: 5 de out. de 2020


Um dos aspectos mais complicados (pra não dizer problemáticos) em escolas é a relação entre pais e professores. Muitas vezes, essas duas figuras tão importantes na vida do estudante não conseguem entrar em consenso do que é melhor para o futuro daquele jovem. Com isso, reuniões podem sair do controle e, no final das contas, a relação entre as partes pode azedar.


O thriller brasileiro Volume Morto leva essa percepção ao extremo. Aqui, o cineasta Kauê Telloli conta a história de uma professora dedicada (Fernanda Vasconcellos) que chama os pais de um de seus alunos para uma reunião. O motivo? O garoto não fala de jeito nenhum. No entanto, o que era para ser uma conversa informal em prol do menino, acaba virando um real pesadelo.


Usando um estilo bem particular do cinema de suspense que vem sendo construído nos últimos anos, com closes bem próximos dos personagens e uma trilha sonora quase que ausente, Volume Morto vai criando a tensão e o suspense aos poucos. O espectador, enquanto isso, é convidado a imaginar os caminhos daquelas idas e vindas e as possibilidades daquela conversa.

Vasconcellos trabalha bem em cena, modulando suas falas, olhares e gestos entre o desejo de disciplina e uma preocupação real. Júlia Rabello, mãe do menino, também chama a atenção com uma atuação de força, em que promete estourar a cada minuto. De alguma maneira, as duas são essenciais na construção do clima do longa-metragem e na criação da sensação de suspense.


No entanto, uma pena, Telloli põe tudo a perder com o final. A realidade acaba caindo no esquecimento e Volume Morto ganha um aspecto surrealista, quase que totalmente fantasioso. É uma mudança inesperada de tom e encaminhamento, fazendo com que o espectador fique um pouco perdido. Acredito que seja um momento ame ou odeie. Eu, particularmente, odiei.


Mas, no geral, não podemo negar que Volume Morto tem uma boa ideia e uma execução razoável. Ainda que o final coloque tudo a perder, o filme poderia ter se desenrolado e sido concluído com uma força mais voltada ao tema que propôs trabalhar. Não é horrível, tampouco perda de tempo. Afinal, é mais um exemplar de ousadia dentro do nosso cinema nacional.

 
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