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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Vovó Saiu do Armário' já é um dos piores filmes da Netflix em 2021

Atualizado: 23 de jan. de 2021


Que bobagem mais sem graça é esse Vovó Saiu do Armário, longa-metragem de coprodução espanhola e portuguesa da Netflix.. Dirigido e roteirizado por Ángeles Reiné (Ready to Talk), o filme é uma vergonha alheia atrás da outra, um absurdo atrás do outro: a temática LGBTQ+ não é respeitada em momento algum, as piadas são sem graça e a técnica é fraca.


Mas vamos por partes. Vovó Saiu da Armário conta a história de Eva (Ingrid García-Jonsson), uma jovem que está prestes a se casar com um escocês de família cristã e tradicional -- os pais do rapaz, por exemplo, rejeitam um primo gay e se posicionam positivamente pelo Brexit. No entanto, no meio desse processo de casamento, a jovem protagonista descobre que a avó é gay.


Sofía (Verónica Forqué, de Toc Toc) está vivendo um romance sincero com uma de suas grandes amigas, e agora parceira no amor, Célia (Rosa Maria Sardá, de Tudo Sobre Minha Mãe). A partir daí, Ángeles se debruça sobre todos os dilemas que nascem desse novo relacionamento, do lado da neta e das avós, mostrando como questões familiares são complexas em todas as famílias.

Dessas duas histórias centrais, da neta e das avós, nenhuma das duas realmente funciona. A das matriarcas é a que chega mais perto de algum resultado efetivo, principalmente por conta das boas atuações de Forqué e Sardá. No entanto, a forma como o roteiro de Reiné coloca a jornada dessas duas idosas descobrindo suas sexualidades no filme tira todo o brilho.


O foco central de Vovó Saiu do Armário recai quase que totalmente sobre a neta Eva -- que vive um romance heterossexual, que demora a aceitar o relacionamento das avós e que parece preocupada em como vai seguir sua vida. Aqui, nesta comédia, mais uma vez, uma história tão interessante da comunidade LGBTQ+ é usada apenas como apoio de uma história heterossexual.


Falta sensibilidade, falta força, falta interesse. A sensação é de que o filme é feito justamente para famílias conservadoras, como a do noivo da protagonista, que vão usar esta produção como um exemplo de como relacionamentos homossexuais não são um problema, como dá pra ter respeito e outras bobagens preconceituosas, escondidas sob camadas de negacionismo.


E sem falar das técnicas do longa-metragem, que beiram o amadorismo. A edição é uma das coisas mais desconfortáveis dos últimos anos, com excesso de transições fade-in e fade-out -- coisa que nem mesmo canais no YouTube fazem mais. Não há uma valorização da história, não há cuidado, não há foco na temática LGBTQ+. É um filme que tenta surfar na onda. E só.

 
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