Sem dúvidas, o longa-metragem Atômica foi uma das principais surpresas no cinema deste ano. E não apenas por sua boa e intrigante história de espionagem, ao melhor estilo de John Le Carré e 007, mas também pela violência gráfica, pela ótima atuação de Charlize Theron e pelo visual "oitentista" impressionante do filme, que conseguiu passar toda "frieza" de Berlin da época.
Poucos sabem, porém, que uma das mentes por trás desta inventividade é anglo-brasileira: o ilustrador Sam Hart. Dono de uma carreira impressionante, ele foi responsável por toda a criação imagética de The Coldest City, a história em quadrinhos que inspirou Atômica e que teve seu roteiro escrito pelo quadrinista americano Antony Johnston. "
Agora, passado os meses de lançamento de Atômica e com a confirmação de que a HQ iria ser publicada no Brasil pela DarkSide Books, o Esquina procurou Sam. Em pauta, a opinião do ilustrador sobre a adaptação, novos planos, um projeto inédito de crowdfunding e o que ele imagina para a cena dos quadrinhos no Brasil. Além disso, claro, qual outra HQ ele quer ver nas telonas. Abaixo, a entrevista na íntegra:
Esquina: Primeiro, vamos falar de 'Atômica': o que achou do filme? Gostou?
Sam Hart: Adorei. Achei a adaptação excelente. Conseguiram fazer cenas de ação e alterações consistentes com o trama. Mudaram o gênero da história, de suspense para ação, mas mantiveram a essência.
Em termos de visual, acha que o filme captou a essência dos seus traços e do que você queria passar com a ilustração?
Com certeza. Claro que existe uma adaptação na linguagem, de narrativa visual bidimensional estática para audiovisual com movimento, então não é um xerox. E tem muitas cenas novas. Mas acho que o filme e a HQ tem o mesmo DNA, são da mesma família.
Mais alguma de suas HQs está em vias de ser adaptada? Tem alguma que você pensa que daria um bom filme?
No momento não há outros projetos em Hollywood, mas acho que minha HQ autoral do ano passado, de um super-herói na Amazônia, O Projeto Mega-Ultra, poderia ser um desenho animado divertido. A gente pode sonhar, não é?
Me fale um pouco do seu projeto no Catarse. O que é? O que está esperando do projeto?
O Sketchbook, versão 2018, que está no site de financiamento coletivo Catarse até meados do outubro, é um apanhando de estudos pessoais e esboços de páginas, HQs e ilustrações. Curto demais ver os esboços e passo-a-passo nos desenhos de outros artistas, e espero que meus esboços podem ser de interesse para outras pessoas. Podem ser adquiridas exemplares do Sketchbook junto com outras revistas, como Projeto Mega-Ultra ou Atomic Blonde. Também há as opções de encomendar artes originais no tamanho sketchcard (cartão postal), A4 ou A3. Estou animado!
Tenho conversado com vários quadrinistas e todos me falam que o crowdfunding é uma das principais saídas para as HQs independentes. Concorda? Como vê o mercado de quadrinhos no Brasil?
É uma das opções atuais viáveis, e se junta a outras possibilidades, como as tradicionais editoras pequenas ou médias, os programas de incentivo do governo e a internet, com webtiras ou HQs seriadas. O mercado está com muitos quadrinhos maravilhosos e até tenho uma pilha imensa de HQs em casa para ler. Falta chão ainda, mas aos poucos as condições para fazer HQ estão melhorando, com reconhecimento artístico e remuneração digna.
Quais seus novos projetos e planos futuros?
Terminei uma HQ curta para uma antologia do Felipe Cagno e finalizei o roteiro do meu próximo trabalho autoral, que vai levar um ano pelo menos para desenhar. Mais informações em 2018!
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