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  • Foto do escritorMatheus Mans

'Eu Sou a Lenda' é mais um livro superior ao filme


Ainda estava tateando as maravilhas do cinema quando me aventurei para assistir ao filme Eu Sou a Lenda. Estrelado por Will Smith, e com a brasileira Alice Braga no elenco, o longa chamou a minha atenção e, até ontem, achava a história excepcional. Isso mesmo. Só até ontem. Motivo? Após muita espera na minha estante, li o livro que deu origem ao filme em questão, numa belíssima e revigorada edição da Editora Aleph e com a narrativa vertiginosa de Richard Matheson.

Assim como no filme de Francis Lawrence (de Jogos Vorazes), o leitor é jogado para um futuro distópico. Nele, a sociedade sucumbiu à um vírus e se transformou numa massa de zumbis -- ou vampiros, como Matheson trata em sua narrativa. A partir daí, o protagonista, Robert Neville, precisa enfrentar tudo ao seu redor para sobreviver e não ser devorado pelos seres vampirescos. É, de maneira bem simples, uma mistura de terror com drama e uma pitada de ficção científica.

O fato, porém, é que livro de Matheson é muito mais grandioso do que o filme. Em pouco mais de 300 páginas, o escritor norte-americano explora os limites dos seres humanos em situações nunca imaginadas até então. Afinal, os zumbis -- que aqui são tratados apenas como vampiros -- ainda não faziam parte do imaginários popular, sendo disseminados só alguns anos depois com os filmes de George A. Romero, como A Noite dos Morto-Vivos e Despertar dos Mortos.

E para estabelecer os zumbis como reais, Matheson cria uma narrativa claustrofóbica e cheia de detalhes -- que em alguns momentos podem até desacelerar a trama e deixá-la um pouco sem ritmo para os mais acelerados. Biologia, química, física. Tudo isso é colocado em jogo quando o protagonista tenta entender a essência de seus oponentes e, por meio de descrições precisas, o espectador embarca nesse jogo. Impossível não entrar de cabeço no universo criado.

Além disso, o escritor norte-americano conta com um ótimo senso de reviravoltas -- todas elas delicadas e sem muita explosão narrativa, mas que cria um sentimento interessante no público. Há, por exemplo, a trama do cachorro, que fica um pouco mais encolhida, mas que ainda desperta a mesma emoção. Há, também, a trama da mulher misteriosa -- que no filme é interpretada por Alice Braga -- e que aqui ganha contornos trágicos. Impossível não sofrer com o que é narrado.

Por fim, você sai da leitura estupefato. É um livraço! Daqueles que ficam marcados em sua mente e, mesmo com o filme blockbuster sempre presente, ganha um forte espaço em sua própria imaginação. Fora que há uma crítica social nos momentos finais que deixa qualquer um de queixo caído. É lindo ver o poder de escrita de Matheson e é triste, por outro lado, ver como ele é pouco reconhecido no Brasil. Com um livro desse, seu nome deveria ser de conhecimento unânime.

Por isso, nem pense duas vezes. Se quer aproveitar uma boa leitura, vá correndo ler Eu Sou a Lenda. Você não irá se arrepender.

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