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  • Amilton Pinheiro *

Gerações de cantores fazem um tributo ao folk e ao rock rural


No importante ensaio para a revista da USP, Rock rural: Origens, estradas e destinos, o cantor e compositor Sá, da dupla Sá & Guarabyra, fez um estudo sobre a gênese do que se rotulou de Rock Rural no Brasil e o que representou para uma geração de cantores – que se lançaram nos anos mais duros da ditadura militar, durante o governo de Médici, entre 1969-1974 – esse termo ou conceito musical.

O termo rock rural surgiu na imprensa depois que os compositores Zé Rodrix e Tavito lançaram a música Casa no Campo, que seria gravada com enorme sucesso pela cantora Elis Regina no início dos anos 1970. No trecho inicial da música, aparecia as palavras, rock e rural. “Eu quero uma casa no campo/ Onde eu possa compor muitos rocks rurais/ E tenha somente a certeza/ Dos amigos do peito e nada mais...”

No ensaio de Sá, ele descreve que a música Casa no Campo “(...) de Rodrix e Tavito invadiu o imaginário sonhador de toda uma geração incomodada pelo súbito ingresso do país numa escala industrial e capitalista iniciada pela era JK e embalada pela necessidade da ditadura militar de afirmar-se como ‘progressista’”.

Foi nesse conturbado contexto político, econômico e social que cantores e compositores como Zé Rodrix, Tavito, Sá e Guarabyra, Zé Geraldo e Renato Teixeira surgiram. E foram eles que demarcaram e marcaram uma geração conhecida como precursora do rock rural no Brasil e que se estenderia para o folk, no caso de Renato Teixeira. Segundo Zé Rodrix: “Rock rural foi interessante porque marcaram as duas colunas nas quais nossa música se apoiava: o rock, mais urbano, da década de 50; e a musica rural brasileira, do sertão, principalmente xote, o baião e o coco”.

Ao mesmo tempo que o rótulo ajudou a definir que tipo de músicas aqueles artistas estavam fazendo naqueles primeiros anos de 1970, ele também limitava o entendimento de um conceito polissêmico, segundo Sá. “É um rótulo que para muitos dava a entender que fazíamos música sertaneja, o que não é o caso. O que queríamos era misturar a tecnologia que vinha chegando ao país com os dados culturais brasileiros”.

Zé Rodrix, Sá e Guarabyra, que formaram um trio no início dos anos 1970, lançaram dois discos fundamentais para aquele “movimento”; Passado, Presente & Futuro (1972) e Terra (1973). As músicas desses dois álbuns traduziam as inquietações e incertezas não somente sobre o Brasil – afundado numa ditadura militar e em um processo industrial vertiginoso –, mas estavam antenadas com as transformações no mundo; com o movimento hippie, as lutas civis nos Estados Unidos, a Guerra do Vietnã, a Guerra Fria, e com artistas como Bob Dylan, que catalisava o renascimento de uma música mais tradicional, denominada nos Estados Unidos de Folk.

É nessa esteira do rock rural e do folk que cantores como Renato Teixeira, Tavito e Zé Geraldo vão se assentar com composições como: Senhorita, Galho Seco, Romaria, Rua Ramalhete, entre outras.

O show, que parte desses artistas fará nesta sexta (9) e sábado (10) no Sesc Vila Mariana, junto com uma nova geração de músicos influenciados pelo “movimento”, é uma mostra do que representou e representa o rock rural e o folk no Brasil. Encontro das Gerações do Rock & Folk unirá Guarabyra, Tavito, Zé Geraldo, expoentes do rock rural e do folk, com artistas que beberam nesse caudaloso conceito, como Tuia Lencioni e Ricardo Vignini, com roupagens novas para antigas composições e músicas com levada mais pop.

SERVIÇOS:

Encontro das Gerações do Folk & Rock Rural Com Guarabyra, Tavito, Ricardo Vignini e Tuia Lencioni. Participação de Zé Geraldo

Dias 9 e 10, sexta e sábado, às 21 horas Local: Teatro (capacidade: 620 lugares) Duração: 120 minutos Não recomendado para menores de 12 anos

Ingresso: R$ 30,00 (inteira) R$ 15,00

Sesc Vila Mariana Rua Pelotas, 141, São Paulo - SP

Informações: (11) 5080-3000

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