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  • Foto do escritorMatheus Mans

‘Lino’ é promessa da animação brasileira em 2017


Um dos gêneros com mais dificuldade de emplacar produções nacionais são as animações: de acordo com o jornal O Globo, são 18 lançamentos de desenhos em longa-metragem entre 2001 e 2016. Quase nada. Afinal, é um tipo de cinema marginalizado no País e que enfrenta resistência de produtoras, cineastas e distribuidoras. Um filme, porém, pode ajudar a reverter este quadro: Lino, do Start Anima e que entrou em pré-lançamento no último sábado, 29, no Anima Mundi.

“Foi uma cruzada para finalizar este filme. Alguns longas chegam a custar US$ 200 milhões, como é o caso de Carros 2, da Pixar. O nosso só custou US$ 2,5 milhões”, revelou o diretor da animação, durante o Anima Mundi, enquanto revelava cenas e detalhes técnicos inéditos sobre a nova produção. “As dificuldades são muitas no cinema nacional hoje em dia. Ainda é preciso melhorar muito para que o público comece a confiar no que é feito e produzido aqui no Brasil.”

Pelo que foi visto pelo Esquina, porém, o resultado parece ser extremamente promissor para Lino, ainda que o cenário de produções no Brasil não seja o mais positivo possível. Os acertos, afinal, começam na história, que é extremamente divertida, original e espirituosa. E o público que assistiu os trechos se mostrou fascinado pelo que vem por aí: a cada cena ou detalhe da produção, o público se encantava, ria e pedia mais informações. Quando uma cena era cortada, era visível a ansiedade.

A história, afinal, ajuda muito. Original e criada pelo próprio Ribas, ela acompanha um rapaz cansado do emprego como animador de festas, vivendo debaixo de uma bizarra fantasia de gato. Por isso, ele resolve ir atrás de um “feiticeiro” para que sua vida mude de rumo. No entanto, o feitiço sai pela culatra e o tal do rapaz se transforma em um gato gigante, vivendo como uma espécie de aberração pela cidade onde mora. A partir daí, ele vai precisar fazer de tudo para reverter a situação.

“Comecei a escrever o roteiro deste filme ainda em 2010”, conta Ribas, que criou o Lino, originalmente, como um coelho. “Depois disso, levei a ideia para a Fox em 2011 [parceira e distribuidora do longa] e a captação de recursos para produzir o filme durou cinco anos. Só em 2015 que começamos a gravar com os dubladores e a produzir o longa de verdade. Em outros países, a gente levaria apenas um ano ou dois, no máximo, para fazer a captação de recursos necessária.”

Luz, câmera, ação. Pelo que foi visto, porém, a demora valeu a pena: a produção é linda de ser assistida. Com inspirações claras em Monstros S.A., A Era do Gelo, Harry Potter e, em um cena, até a comédia Férias Frustradas, o filme aparenta detalhes impressionantes na criação e na concepção das suas personagens -- o Lino, quando transformado em gato, tem mais de 1,6 milhão de pelos no corpo e foram feitas mais de 3 mil cenas no total, com uma equipe muito enxuta.

A dublagem também está contagiante: Lino é interpretado por Selton Mello, que diverte com algumas boas sacadas de interpretação -- nos detalhes exclusivos, foi possível ver os bastidores da dublagem de Selton. O filme ainda conta com o Dira Paes e Paola Oliveira, que mostraram ter controle sobre as personagens nas poucas cenas que foram exibidas ao público. O visual, além disso, lembra os filmes da Pixar, já que é usado o mesmo software de animação do estúdio americano.

O grande destaque, porém, parece estar no roteiro: nas cenas exibidas, impossível o filme não tirar, no mínimo, um esboço de sorriso. O personagem do feiticeiro é muito divertido e lembra grandes coadjuvantes da animação, como a Dory de Procurando Nemo -- guardada as devidas proporções, é claro. E vale falar: uma cena envolvendo uma tribo me fez dar altas gargalhadas. Há muito tempo isso não acontecia quando eu ia assistir uma animação nos cinemas.

O resultado final e concreto de Lino, porém, só poderá ser visto de fato em 7 de setembro, quando a animação chegar às salas de cinema. Enquanto isso, fica a ansiedade por todas as cenas apresentadas no Anima Mundi e a certeza de que o cinema de animações no País merece e deve ser respeitado. Afinal, ainda que pouco representativo em relação ao número de estreias, a qualidade de alguns alcança a de produções internacionais. E Lino parece figurar neste tipo de filme É aguardar para ver.

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