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  • Foto do escritorMatheus Mans

Mais cara, erótica e dispersa: como está a Bienal do Livro 2018


Não é segredo pra ninguém que o mercado editorial está passando por uma difícil crise. Grandes empresas do setor, como a Saraiva, estão com dificuldades em honrar suas dívidas, a venda de obras gerais despencou e as empresas do setor estão precisando se revirar para encontrar saídas. O resultado disso é um encolhimento de 21% no setor desde 2006. E essa crise, é claro, tem algum reflexo no Bienal Internacional do Livro em São Paulo.

Algumas grandes companhias do setor livreiro, que sempre marcam forte presença na feira, acabaram ficando de fora. A própria Saraiva, que nos últimos anos têm batido recordes de tamanho de estande, resolveu não levar a marca para o evento -- vale lembrar que uma editora média gasta entre R$ 500 mil e R$ 700 mil para colocar sua marca na feira. A Zahar, dona de reedições de obras clássicas da literatura, é outra empresa que acabou ficando de fora da Bienal 2018, deixando um vazio nesse setor.

Dos 280 expositores em 2016, apenas 197 continuaram a apostar na Bienal como forma de exposição e venda.

As apostas das editoras participantes, então, ficam claras enquanto se caminha pelo local. O primeiro ponto são os descontos mirrados. Há muitos livros, sim, com preços bem inferiores ao praticado nas livrarias tradicionais, mas não é difícil encontrar obras mais caras. A Intrínseca, por exemplo, está vendendo A Mulher na Janela por R$ 35. Na Amazon, o mesmo livro está por R$ 28. Diferença pequena, mas que não faz jus ao que se espera na Bienal. Mas só com um valor assim para justificar o investimento no local.

Outro ponto é a explosão de literatura erótica. Enquanto 2016 foi o ano dos youtubers, a edição de 2018 dá ainda mais espaço para a literatura hot, com títulos como Meu querido meio-irmão, da Pandorga, ou Bem Safado, da Faro Editorial. São livros que ganham um destaque natural, já que a literatura erótica tem ganho cada vez mais espaço. Obras de terror e ficção científica também ganharam destaque, fazendo até com que a Aleph, especialista no assunto, reservasse um espaço mais interessante dentro do evento.

A HarperCollins, que se separou da Ediouro e alavancou a presença da marca no País, também trouxe um outro gênero que só cresce no País, para marcar a presença de sua primeira Bienal: o religioso. Bíblias em diversos formatos e edições, obras inspiradas em marcos bíblicos e até listas -- como 10 Homens da Bíblia e 10 Mulheres da Bíblia -- se destacaram. O mesmo vale pra Editora Vozes, que deu destaque para uma folhinha de Jesus.

O digital também ganha força com a participação incisiva de Mercado Livre, Microsoft, Submarino e, principalmente, Amazon. Ainda que nenhuma das quatro empresas tenham trazido estandes impactantes e com conteúdo relevante para a maioria das pessoas que ali circulam, elas mostram como o mercado está avançando, se moldando.

"A programação é sempre em cima daquilo que o mercado está apostando. Em 2016 era o boom dos youtubers. Esse ano você percebe que já não tem tanta ênfase. Com isso, conseguimos fazer algo mais voltado ao slogan da Bienal, 'venha fazer esse download de conhecimento', onde a ideia é destacar cada vez mais o protagonismo do livro", destaca ao UOL Luís Antônio Torelli, presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro).

E, por fim, há uma aposta ainda mais clara na interação entre leitores, fãs e autores, o que faz com que a Bienal tenha um ar mais "mágico" do que outras feiras literárias que existem no Brasil, como a interessante Feira do Livro da USP. Em 2018, são mais de 1,5 mil horas de programação, enquanto 2016 ficava com pouco mais de 1,3 mil horas de eventos.

“A participação na Bienal é, na verdade, um retorno e um investimento institucional, ou seja, na marca, no contato direto com o público. É um momento em que a editora tem o seu ‘dia de livreiro’ e pode escutar, ver e sentir o que interessa às pessoas”, comenta Daniela Kfuri, diretora Comercial e de Marketing da HarperCollins, ao jornal Estadão.

SERVIÇO

Bienal Internacional do Livro de São Paulo

Endereço: Pavilhão do Anhembi - Av. Olavo Fontoura, 1209. São Paulo

Datas: De 3 a 12 de agosto

Horário: das 9h às 22h

Ingressos: R$ 12,50 (meia) R$ 25 (inteira)

Site oficial: http://www.bienaldolivrosp.com.br/

 
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