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Foto do escritorAmilton Pinheiro

Na 34ª edição, Cine Ceará homenageia suas histórias e quem as fez


O escritor russo Leon Tolstói escreveu que “se queres ser universal, começa por pintar tua aldeia”. É uma clara referência sobre não deixar de enxergar as coisas que nos rodeiam, que falam sobre nós, sobre quem somos e nossa identidade cultural, para aí poder cotejar o que vem de outras paragens e cantos do mundo.


Intencionalmente ou não, a 34ª edição do Cine Ceará – Festival de Cinema Ibero-Americano acertadamente decidiu se espelhar na famosa frase/pensamento do escritor russo, Leon Tolstói, em suas homenagens deste ano, como o multiartista Gero Camilo; o ator e compositor Rodger Rogério, um dos integrantes do que ficou conhecido como o Pessoal do Ceará (Ednardo, Belchior, Fagner, Fausto Nilo e Teti); os 70 anos de existência da Universidade Federal do Ceará (UFC); e, por fim, os 100 anos do Cinema do estado.


Sobre este último tópico, aliás, o pesquisador e programador Duarte Dias (pesquisa que colhi da cobertura de Maria do Rosário Caetano para a Revista de Cinema), o documentarista Adhemar Bezerra de Albuquerque filmou uma partida de futebol, em 15 de outubro de 1924. 


A produção, um documentário, se chamava Temporada Maranhense de Foot-Ball no Ceará, sendo o marco zero do cinema cearense, e parece, pela conversa que tive com a jornalista e crítica Maria do Rosário Caetano, que não sobrou nenhum registro em movimento do filme. 


Ontem, na abertura do festival no cineteatro, à noite, os apresentadores não comentaram nada a respeito, e, tampouco, foi exibido algo dessa produção de Adhemar Bezerra de Albuquerque, enquanto eles citavam as comemorações do centenário do cinema cearense.


Antes da abertura da mostra competitiva Ibero-Americana, com o filme Brasiliana: o Musical Negro que Apresentou o Brasil no Mundo, de Joel Zito Araújo, foi feita uma homenagem mais do que merecida a um dos maiores documentaristas brasileiros, o paraibano Vladimir Carvalho, que nos deixou em 24 de outubro, aos 89 anos. 


Vladimir Carvalho teve uma carreira genuinamente como documentarista, nunca quis fazer ficção, tinha a cabeça e as ações voltadas para o registro sobre as mazelas e contradições do país, em filmes como O País de São Saruê (1971); Conterrâneos Velhos de Guerra (1992) e sobre assuntos que fazem parte da história cultural do Brasil em Rock Brasília – Era de Ouro (2011), sobre as bandas de rock da capital federal que iriam dominar a cena musical nos anos 1980 no país, como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, e um retrato sobre José Lins do Rêgo em O Engenho de Lins (2007)


O festival terminou parte das suas homenagens, ontem, na abertura da 34a edição do Cine Ceará com uma homenagem aos 70 anos da fundação da Universidade Federal do Ceará (UFC).


O atual reitor da UFC, Custódio Almeida, subiu ao palco para receber das mãos do cineasta e produtor executivo do festival, Wolney Oliveira, que, emocionado, falou em breves palavras da importância da instituição para o estado do Ceará e para o país.


Por fim, o cineasta Joel Zito Araújo (veja vídeo de sua fala hoje no debate sobre o filme), fez a primeira apresentação do filme Brasiliana: o Musical Negro que Apresentou o Brasil no Mundo, junto com três membros da equipe, para a público presente ao São Luiz, sobre a primeira companhia de dançarinos negros que fez história no cenário internacional e caiu no esquecimento no Brasil. 



Mostra Competitiva de Longas Ibero-Americanos


  • Brasiliana: o Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo, de Joel Zito Araújo (Documentário, Brasil, Première mundial);

  • Um Lobo entre os Cisnes, de Marcos Schechtman e Helena Varvaki (Ficção, Brasil, Première mundial);

  • Milonga, de Laura González (Ficção, Uruguai-Argentina, Première brasileira);

  • En la Caliente – Contos de um Guerreiro do Reggaeton, de Fabien Pisani (Documentário, Cuba-EUA, Première brasileira);

  • Linda, de Mariana Wainstein (Ficção, Argentina-Uruguai, Première brasileira);

  • A Bachata do Biônico, de Yoel Morales (Ficção, República Dominicana, Première brasileira).


Competição de curtas brasileiros


  • Fenda, de Lis Paim (Ficção, Ceará);

  • Tiramisú, de Leônidas Oliveira (Ficção, Ceará);

  • Os Mortos Resistirão para Sempre, de Carlos Adriano (Híbrido, SP);

  • Você, de Elisa Bessa (Híbrido, RJ);

  • Quinze Quase Dezesseis, de Thais Fujinaga (Ficção, SP);

  • Cavaram uma Cova no meu Coração, de Ulisses Arthur (Documentário, AL);

  • Eu Sou um Pastor Alemão, de Angelo Defanti (Animação, RJ);

  • Salmo 23, de Lucas Justiniano e José Menezes (Documentário,  SP);

  • Maputo, de Lucas Abraão (Ficção, SP);

  • Bolinho de Chuva, de Cameni Silveira (Ficção, PR);

  • Dona Beatriz Ñsîmba Vita, de Catapreta (Ficção, MG);

  • Todas as Memórias que Você Fez em Mim, de Pedro Fillipe (Ficção, PE).


Mostra Competitiva Olhar do Ceará


Longas


  • Antônio Bandeira – O Poeta das Cores, de Joe Pimentel (Documentário);

  • Filhos do Vento, de Euziane Bastos e Rogério Bié (Documentário);

  • Cante Lá que eu Conto Cá, de Iziane Mascarenhas (Documentário);

  • Seca Verde, de José Roberto Sales (Documentário) – Fora de competição


Curtas


  • Almadia, de Mariana Medina (Animação);

  • Juzé, de Raquel Garcia (Animação);

  • Fotossíntese, de Rodrigo do Viveiro (Animação);

  • Poesia no Vinho de seus Lábios, de Matheus Monteiro (Animação);

  • A Mulher Barco, de Tibico Brasil (Documentário);

  • Neblina, de Milene Coroado (Ficção);

  • Cavalo Serpente, de Priscila Smiths (Híbrido);

  • Urêasêca, de Dizio Brito (Ficção);

  • Sirius Não é Tão Longe, de Nick Sanches (Ficção);

  • Calcanhar, de Lara Brito e César Gomes (Ficção);

  • Slam Sobral, de Kieza Fran (Documentário);

  • Raízes do Mangue, de Charlotte Cruz (Documentário);

  • Visitando Luisa, de André Moura Lopes (Documentário);

  • Topera, de Rodrigo Gadelha (Documentário);

  • Cidade Ruína, de Isaaaki e Mabi Sousa (Documentário);

  • Crayon, de Juno e Becca Lutz (fFcção-animação);

  • Ponte Metálica, de Felipe Bruno e Wes Maria (Ficção);

  • Kila & Mauna, de Ella Monstra (Ficção);

  • Raposa, de Margot Leitão e João Fontenele (Ficção);

  • O Verbo, de Juliana Craveiro e Lucas Souto (Ficção).


Exibições Especiais


  • Lampião, Governador do Sertão, de Wolney Oliveira (Documentário, Ceará);

  • Baby, de Marcelo Caetano (Ficção, Brasil-França-Holanda) – Encerramento e entrega dos troféus Mucuripe.

 

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