James Patterson é um dos autores mais vendidos de todos os tempos, dono de romances policiais de rápida leitura e histórias parecidas, mas divertidas. Já Bill Clinton foi o 42º presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata e responsável por um dos maiores escândalos sexuais da história do País. E o que as duas figuras possuem em comum além da nacionalidade? A autoria do livro policial O Dia em Que o Presidente Desapareceu.
Editado no Brasil pelo Grupo Editorial Record, a obra acompanha a história do presidente Jonathan Lincoln Duncan, que enfrenta um processo de impeachment por talvez ter colaborado com um famoso e perigoso terrorista. No entanto, ao se aprofundar um pouco mais em suas recentes ações, fica claro que Duncan, na verdade, está tomando atitudes desesperadas para tentar evitar um perigoso ataque cibernético terrorista.
A base do livro -- moldada na investigação, no clima tenso e na possibilidade de infiltrados e traidores -- reverbera em dezenas de outras obras de Patterson. A diferença está em dois detalhes: a complexidade dessa história e as saborosas tramas de bastidores políticos incrustadas na trama. Ambas causam uma boa sensação de amplitude na história, potencializando o efeito de investigação, crime, terrorismo e complô.
O primeiro ponto -- da complexidade da história -- parece mérito de Patterson. Ao contrário de seus livros mais recentes, extremamente confortáveis e pouco ousados, o autor não tem medo de criar uma teia de situações e incrementar com personagens complexos, mesmo quando reservadas algumas poucas páginas à eles. O senso de urgência em suas palavras também compõe uma narrativa enérgica e que eleva o ânimo.
O presidente Duncan, personagem principal, também é interessante. Ainda que um pouco maniqueísta, ele consegue transparecer o desespero da situação, mas sem entregar demais da trama. Pena, porém, que algumas sequências do livro deixam bem claro qual será o plot twist final. Faltou um pouco mais cuidado de Patterson com isso.
Mas o grande ponto alto de O Dia em Que o Presidente Desapareceu são os bastidores políticos. Com um significado bem fresco na memória dos brasileiros, a obra consegue mostrar bem a intrincada rede política nos bastidores de um processo de impeachment. O jogo político também é muito saboroso, dando um toque a mais na trama. É difícil, e muito raro, vem obras literárias que tragam detalhes tão vivos, reais e interessantes. Mérito de Clinton.
O final, novamente, é um pouco maniqueísta e traz algumas revelações um tanto quanto óbvias. Parece que faltou um pouco de fogo, ousadia, coragem. Foi um desenvolvimento muito plano. Mas isso não tira o brilho, energia e vitalidade do livro, que permite uma leitura rápida e instigante. Não é o grande thriller do ano, nem o melhor livro policial de Patterson. Mas é divertido e interessante de ser lido. Vale a leitura.
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