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  • Foto do escritorMatheus Mans

‘O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks’ agrada, mas falta história


Quando li Mentirosos, um outro livro da escritora E. Lockhart, fiquei fascinado. Num estilo parecido com o de John Green, mas muito mais desenvolvido, a autora norte-americana me deixou preso à sua história e desconcertado com o final surpreendente e nem um pouco esperado. Por isso, eu fui ler O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks -- que chamarei aqui apenas de Histórico Infame -- animado com as perspectivas.

Mas, confesso, decepcionou um pouco. O livro acompanha a história, obviamente, de Frankie, uma garota do Ensino Médio que cresce repentinamente e se torna atraente do dia para a noite. A partir daí, ela acaba se envolvendo com Matthew, um dos garotos mais populares da escola e pertence à Leal Ordem dos Bassês -- uma espécia de irmandade que reúne apenas garotos para conversar e fazer travessuras.

Neste contexto, E. Lockhart cria uma trama em que Frankie tenta se descobrir nesta fase antes da puberdade e, principalmente, tenta se provar como necessária para o seu próprio círculo social. É uma ideia interessante e que poderia ter um aproveitamento bem melhor, tratando de temáticas e histórias como a necessidade de provação na adolescência, o machismo, o clubismo em escolas e na sociedade. No entanto, Lockhart acaba entrando em um caminho um pouco duvidoso e que não gera resultados.

Além disso, Frankie é uma personagem morna. Apesar de alguns momentos interessantes dentro da narrativa, ela não evolui e não causa empatia. Algumas de suas atitudes são questionáveis e o resultado, no final, é um distanciamento natural dos leitores. Você se interessa pela história e pelo desenrolar de acontecimentos, as nada que te prenda à Frankie, que está ali nas páginas de modo pouco funcional. Isso é uma pena: afinal, Frankie tinha potencial de ser até mais marcante do que a de Mentirosos.

Outro problema é a criação de situações usadas para dar força ao final do livro. Elas são inseridas à esmo na história apenas com este objetivo -- algo que John Green faz muito na maioria de seus livros. Isso cria um sentimento de que "estratégia furada". Ela quer criar um impacto no leitor, mas não sabe como. Por isso, cria essas situações. No entanto, para leitores mais atentos, isso só deixa a narrativa mais fraca e desequilibrada.

No final, O Histórico Infame agrada, mas fica o sentimento de que faltou algo. Faltou explorar mais a personagem principal, faltou entrar em temas mais interessantes e faltou um final que prenda o público e dê um sentido coerente para tudo que Lockhart contou até aquele momento. Desta vez, a criatividade da escritora norte-americana não deu certo e ficou um degrau abaixo do esperado por parte do público. Agora, devemos esperar o próximo livro da autora para ver se ela deu sorte com Mentirosos ou se é apenas mais um John Green.

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