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  • Foto do escritorMatheus Mans

Opinião: Oscar 2021 faz a cerimônia mais atrapalhada e estranha da última década


Não sou um veterano de Oscar, como alguns colegas que acompanham profissionalmente a premiação há mais de 30 ou 40 anos. Faço isso há mais ou menos 10 anos, quando a temporada de premiações se tornou um ponto aguardado da minha rotina de cinéfilo. E digo com tranquilidade: o Oscar de 2021, realizado no domingo, 25, foi um completo e estranho desastre.


Com a cerimônia comandada por Steven Soderbergh, diretor de Onze Homens e um Segredo, o prêmio quis acompanhar a inovação do espaço -- ao invés de ser realizado no tradicional Dolby Theater, grande parte da entrega das estatuetas douradas aconteceu na Union Station, uma estação de trem de Los Angeles. Assim, Soderbergh inverteu completamente a ordem do Oscar.


Logo de cara, ao invés do prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, já conhecemos os vencedores nas duas categorias de Melhor Roteiro. Depois, ainda na primeira metade da cerimônia, chegou a vez de conhecer o prêmio de Melhor Direção -- geralmente, um dos 4 prêmios finais. Até aí, tudo bem. Afinal, acaba espalhando um pouco mais os acontecimentos importante ao longo de horas.


Mas a hora final do Oscar 2021 foi um fiasco completo. Soderbergh enfiou uma esquete ao estilo Qual é a Música? bem na reta final, quando todo mundo já está cansado -- espectadores e indicados. Só Glenn Close salvou, com uma dança animada. Depois, inverteu a ordem de prêmios mais uma vez: colocou Melhor Filme, o prêmio da noite, antes de Melhor Atriz e Melhor Ator.


Esperava-se, então, que a cerimônia do Oscar fosse terminar com o prêmio de Melhor Ator para Chadwick Boseman, em homenagem póstuma. No entanto, foi concluída com um discurso enfadonho de Joaquin Phoenix, o prêmio inesperado para Anthony Hopkins e... acabou. Afinal, o ator inglês não é fã de premiações e não estava lá para o grande discurso. Terminou assim.


E concluindo esses pontos negativos da pior cerimônia do Oscar da década (ou da História?), Soderbergh optou por não colocar imagens de filmes a cada anúncio de indicados. Os apresentadores, na verdade, contavam pequenas histórias sobre cada um dos presentes em cada categoria. Chato pra caramba. Quebrou o ritmo e tornou tudo ainda mais cansativo.


E os vencedores do Oscar?


Pelo menos o Oscar não decepcionou nos premiados. Nomadland foi o grande vencedor da noite. Não é um filme excepcional, mas conta uma história importante com uma atuação de gala de Frances McDormand no papel principal -- mereceu levar em cima de Viola Davis e Carey Mulligan, apesar de estar pau a pau com Vanessa Kirby. Pena que não faturou Melhor Fotografia.


Nas outras categorias de atuação, dois prêmios mais do que justos para a excelente Yoon Yeo‑jeong, de Minari, e Hopkins por Meu Pai. Com certeza teria sido justo um prêmio póstumo para Chadwick Boseman, mas o britânico está muito superior em termos técnicos e emocionais no papel de um idoso perdendo a memória. Só Daniel Kaluuya que sobrou. Paul Raci merecia.

 
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