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  • Foto do escritorMatheus Mans

Resenha: 'A Vida Invisível de Addie Larue' é o livro da vida de Victoria Schwab


A Vida Invisível de Addie Larue parte de uma premissa interessantíssima: uma jovem, a tal Addie do título, está passando por momentos complicados. Nem tem muito como pedir ajuda, já que a protagonista vive no século XVIII, na França, em uma pequena vila no meio do nada. A situação se complica até que ela decide pedir ajuda para o além. É de lá que vem a resposta: Addie agora terá vida eterna, mas não será lembrada por ninguém. Sua vida passará lenta, só nas sombras.


Nessa mistura de A Vida de Adaline com Todo Dia, em que imortalidade se mistura com a crise existencial de não criar vínculos, A Vida Invisível de Addie Larue é daqueles livros que rapidamente identificamos com a obra da vida de sua autora, Victoria Schwab. Dona de um estilo moderno e contemporâneo, muito conectado com os anseios do jovem de hoje em dia, ela sabe como conduzir essa história. Não é à toa que Addie não fica parada nessa vila francesa de 1700.


A obra, dinâmica e imprevisível, se desdobra entre dois momentos bem distintos: alguns são mais levados pela pegada contemporânea de escrita de Victoria Schwab, como dilemas sociais, saúde mental e independência. Outros, enquanto isso, caminham pelo lado de um terror psicológico amenizado. É a solidão e a ausência de perspectivas de Addie, tão consciente de sua condição, que deixam o livro mais saboroso, passeando por esses gêneros pouco esperados.


Ainda que dê uma derrapada na relação da protagonista com o personagem Henry, que está ali só para servir a propósitos de agradar o público-alvo da obra, A Vida Invisível de Addie Larue acerta ao ser um livro, essencialmente, sobre existência. Sobre legado. O que você deixa para o mundo senão pela forma como você impacta as pessoas ao seu redor? Pode ser com uma conversa, com uma música, com uma poesia, com um toque de mãos. Isso, enfim, já é legado.

Schwab, que já fez sucesso por aí com livros como A Cidade dos Fantasmas e Túnel de Ossos, surpreende com essa escrita absolutamente madura — com a sensação de que a história já está pronta para ganhar as telonas ou as telinhas. Mais do que impactar seu público, a autora também quer deixar seu legado, seu ensinamento com uma história que, apesar dos exageros aqui e acolá, também vão causar impacto em algumas pessoas por aí. É o legado de Schwab.


Fica o porém, ainda assim, de que é perceptível a falta de experiência da autora em vários momentos, o que faz a nota abaixo dar essa boa reduzida. O livro, afinal, passeia entre 300 anos. Como disse antes, a protagonista não fica em apenas no vilarejo do século XVIII, mas também a vemos em Nova York nos anos 2000. Esse salto de 300 anos é pouco aprofundado como deveria. Falta pungência. Ainda que tenha amadurecimento, pouco é perceptível desse tempo em Addie.


Além disso, alguns momentos pecam pela falta de força e por uma certa enrolação. Fica a sensação de que a autora queria tanto tornar esse livro marcante que o aumentou em umas 200 páginas a esmo — aquela velha sensação de que apenas livros grandes podem nos impactar, tsc-tsc. Bobagem. Se A Vida Invisível de Addie Larue tivesse essa quantidade de páginas a menos, seria muito mais ousado, provocativo e cativante. Se estendeu além da conta por nada.


Ainda assim, no final, o saldo é positivo com A Vida Invisível de Addie Larue. Com uma história que traz uma provocação curiosa: o que você vai deixar de legado? Qual sua contribuição para o mundo? São questionamentos pertinentes que, ainda que preocupem em chegar em leitores tão jovens, que deveriam se preocupar apenas com a vida mundana, traz uma consciência poderosa. Vale a leitura, principalmente para aqueles que gostam do estilo de Victoria Schwab.

 


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