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  • Foto do escritorMatheus Mans

Resenha: 'Calamidade' é ótimo encerramento de trilogia de Brandon Sanderson


O primeiro livro da trilogia Os Executores, de Brandon Sanderson, é excelente. Afinal, o autor traz elementos originais para um história de super-heróis: pessoas que, ao receberem poderes de alguma força superior oculta, acabam se voltando para o lado maligno. Quem precisa detê-los, então, é o grupo que dá nome à série e que é formado por pessoas normais. É uma ideia inteligente, que flui bem nas páginas dos livros, e que ajudou a consolidar mais uma franquia nas mãos e na mente criativa de Sanderson.

Depois, no segundo livro, a série perdeu força -- a trama se repetiu, alguns dos personagens principais não foram desenvolvidos e parecia que Sanderson estava preso numa fórmula. E aí, quando a dúvida estava circundando Os Executores, o autor volta com força total para o aguardado desfecho no livro Calamidade, editado pela Aleph e que coloca um ponto final no ciclo de histórias contadas em Coração de Aço e Tormenta de Fogo. Um ponto final que mostra o controle absoluto de Sanderson sobre a história.

A trama do terceiro livro mostra o grupo d'Os Executores completamente fragmentado e quase sem forças. Quem assumiu a liderança é o próprio David enquanto o Professor partiu para o lado dos Épicos e Thia, enquanto isso, permanece desaparecida. E é nesse ínterim que o grupo tenta derrotar Calamidade, espécie de estrela que brilha constantemente no céu e que, segundo lendas e boatos, é um Épico que controla todos os poderes enviados para a Terra. Se derrotá-lo, o mal no mundo pode se dissipar.

Sanderson, como sempre, mantém uma escrita enérgica, forte e intensa, repleta de cenas de ação -- como já foi visto nos outros livros da saga, em Elantris e em Mistborn. Difícil desgrudar das páginas quando as eletrizantes cenas de ação se desenrolam, quase sempre originais e cheias de criatividade. Como exceção, só uma sequência que envolve uma Épica que aumenta e diminui de tamanho. Ficou parecido demais com os poderes do Homem-Formiga e incomodou um pouco. Poderia ter sido diferente ali.

O grande ponto positivo de Calamidade, porém, continua nos seus personagens. Ao contrário de muitas sagas juvenis por aí, o livro aposta no desenvolvimento complexo e contínuo de seus protagonistas. Ainda que David siga sempre uma única nota, personagens como o Professor, Megan e até Thia, que aparece bem menos, ganham camadas complexas. Além disso, novos Épicos ajudam a construir a mitologia ao redor da trama e a fazer com que o mergulho na história seja ainda mais profundo e mágico.

Por fim, a conclusão da história faz com que Calamidade seja um livro muito acima da média. Ao invés de continuar no mesmo tom durante toda a história, apostando na fantasia e nada mais, Sanderson resolve investir totalmente na ficção científica e a trama ganha novos contornos. É maravilhoso. A história ganha outro nível de complexidade e a vontade de continuar imerso naquele ambiente se torna ainda maior. A sensação é de que o tempo de leitura para as cerca de 350 páginas foi recompensado.

Assim, Os Executores termina numa nota extremamente positiva. Ainda que tenha uma reviravolta final óbvia, é uma leitura original, ousada, criativa e, apesar de uma pegada juvenil, extremamente complexa. É daquelas histórias que valem a pena ler e mergulhar para, assim, ter um novo universo fantástico para visitar de vez em quando. A torcida fica para que Sanderson não encerre a história aqui, como deu a entender no final e nos agradecimentos, e que a use apenas como ponto de partida para criar e ampliar esse fantástico universo de poderosos malignos. A diversão aqui, sem dúvidas, é garantida.

 

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