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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Complicações do Amor' mistura romance e ficção científica

Atualizado: 11 de jan. de 2022


Recentemente, o filme Passageiros tentou fazer uma mistura pouco convencional: unir, em uma só trama, romance com ficção científica. O resultado não deu muito certo -- a bilheteria em todo mundo ficou abaixo do esperado e, convenhamos, o filme não é lá essas coisas. Mas isso não é surpresa: é difícil fazer um filme que mescle, com perfeição, gêneros cinematográficos. Afinal, o filme acaba conversando com dois tipos de público que nada tem em comum. No entanto, há um certo tempo, outro filme passou batido no cinema e conseguiu fazer a mistura que Passageiros não conseguiu: o independente Complicações do Amor, dirigido por Charlie McDowell.

Na trama, o casal Ethan (Mark Duplass) e Sophie (Elisabeth Moss) está junto há muitos anos, mas o casamento passa por um momento de crise. Tentando recriar a intimidade de tempos passados, eles decidem fazer uma viagem juntos durante um final de semana, em um simpático chalé longe da civilização. No entanto, enquanto eles desfrutam da comodidade do local, algo surpreendente acontece: clones de cada um dos dois aparece na casa, misteriosamente. Ao invés de ser a cópia exata, porém, os clones de portam de maneira totalmente inversa ao que eles estão acostumados. A partir daí, começa o questionamento: de quem eu gosto de verdade?

Apesar de ser o primeiro longa-metragem de McDowell, o filme tem uma condução primorosa e que lembra, em seus melhores momentos, Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças -- um outro exemplo de mistura perfeita entre ficção científica e romance. Sem açucarar demais e sem deixar a trama muito densa, o diretor encontra "a batida perfeita" para fazer com que os públicos interessados em qualquer um dos dois gêneros se interesse por Complicações do Amor. Não há exageros na fórmula.

Além disso, o filme coloca, com uma única provocação, dúvidas sobre relacionamento e sobre a tecnologia influenciando nossas vidas. Você sai da projeção perguntando como seria se você se deparasse com uma pessoa igual ao seu companheirx, mas com atitudes inversas. Você iria ou não gostar daquilo? Iria preferir ter uma vida com aquela pessoa ou continuar com o seu amor de muitos anos? Tudo ainda embalado por uma incrível metáfora sobre a terapia de casais e a crise conjugal que afeta qualquer casal.

A trama ainda é potencializada pela ótima química do casal protagonista: Elisabeth Moss (e que também brilhou em Mad Men) junto com Mark Duplass (da série pouco conhecida The League) conseguem criar, apenas com os dois em cena, a dinâmica de um casal que já está junto há um certo tempo, mas que ainda precisa passar por algumas dificuldades para entender, de fato, o que eles querem. E é impossível não se deliciar com as atuações para cada personagem -- os clones e os reais. Moss e Duplass mudam de trato e de fisionomia, mas ainda deixam a dúvida no ar do que está acontecendo.

Por fim, apesar de alguns erros no final e um uso desproporcional de efeitos especiais, o filme entra para um seleto hall de películas que conseguem juntar ficção científica e romance, como Ela, Brilho Eterna de Uma Mente Sem Lembranças e o inesquecível Questão de Tempo -- mas, também, dando um tapa na cara em grandes produções do gênero, como o já citado e mediano Passageiros, o razoável Agentes do Destino, além do péssimo O Destino de Júpiter. Enfim, um filme recomendado para fãs de todos os gêneros. Atualmente, disponível no Netflix, no Google Play e no iTunes.


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