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  • Foto do escritorMatheus Mans

Você precisa conhecer o outro lado de Adam Driver


Quem vê Adam Driver com uma máscara cobrindo seu rosto e segurando um sabre de luz vermelho nos novos filmes da saga Star Wars não imagina que o ator norte-americano é uma das referências do atual cinema independente dos Estados Unidos. Dono de voz profunda e traços marcantes, Driver dá mostras que não erra nas suas escolhas e se consolida como um dos atores mais interessantes do momento.

Driver começou a ficar conhecido ainda em 2012, quando passou a coestrelar a série Girls, do canal HBO. Na história, o norte-americano fazia um tipo esquisito e que ocasionalmente se relaciona com a personagem de Lena Dunham. Casal atípico, caiu nas graças do público. A partir daí, Driver, que tinha apenas feito filmes para TV, curtas e algumas pontas, começou a ganhar seu espaço, atuando em filmes como Frances Ha e até ganhando uma participação em Lincoln.

No entanto, ao analisar a sua filmografia, fica claro: Driver é um ator comum, no melhor dos sentidos. É Baumbach, não J. J. Abrams. Nada contra seu papel como Kylo Ren, é claro. Mas ele é aquele tipo que se encaixa no dia a dia que um filme independente exige. Esse é seu maior benefício. Ele pode ser quem quiser e é isso que o faz ser tão interessante em todas as suas camadas.

Por exemplo: no pouco comentado Hungry Hearts, Driver faz um pai com um dilema. Ele quer criar seu filho de maneira convencional, enquanto a mãe quer deixar a criança longe dos problemas do mundo. Para isso, ela até impede que um médico veja o pequeno quando ele fica doente. Apesar dos problemas de roteiro e de direção do filme, a atuação de Driver é um tapa na cara. Causa dor, constrangimento. O espectador sofre com ele, calado. Tudo por um motivo: acreditamos na sua interpretação. Como a revista Variety falou, o ator já provou que consegue interpretar qualquer coisa em qualquer situação.

Mais do que um trabalho qualquer de um ator, que tenta ser verossímil com seu papel em um filme qualquer, Drive passa isso naturalmente. Ele faz um pai com problemas e, na tela, vemos um pai com problemas. É real e emocional na medida certa, sem exageros. E isso agora está se repetindo novamente: Drive está espetacular em seu novo filme, Paterson, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros.

Nele, Driver é um motorista de ônibus que mora, desde pequeno, na cidade de Paterson — que dá nome ao filme. Em sua vida, nada de extraordinário acontece. Ele apenas passa seus dias no ônibus e observa os acontecimentos ao seu redor. E disso surge poesia. Dirigido por Jim Jarmusch, principal referência do cinema independente atual, o longa-metragem é uma ode ao comum, ao banal. Do seu cotidiano, o motorista extrai poesia — inclusive de caixas de fósforo.

E com este material tão comum, dirigido por um diretor que ama o cotidiano, Driver faz seu papel mais banal e mais extraordinário em toda a carreira — superando Silêncio e até mesmo Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum. Com Paterson, o norte-americano coroa seu posto e se consolida como um dos melhores atores independentes desta geração. E que a Força e o tempo não estraguem o seu diferencial.

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