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Foto do escritorMatheus Mans

Villeneuve se prova como um dos melhores diretores da década


Esta semana estreia Blade Runner 2049 e reações da crítica especializada não poderiam ser mais positivas. Muitos já classificam o filme como um novo clássico e totalmente à altura do filme original, seja em termos de história, trilha sonora, efeitos visuais e atuações. Mas o grande mérito, sem dúvidas, está nas mãos do canadense Denis Villeneuve, um dos mais inventivos e originais diretores da atualidade.

Se você analisar sua obra, não há erros, não há percalços. Seus dois primeiros filmes, bem experimentais, já mostraram o potencial do cineasta: 32 de Agosto na Terra e Redemoinho não são geniais, mas já contam com uma linguagem ousada e uma trama interessante, que desafia padrões cinematográficos da época. Depois, ele permanece em um longo hiato de nove anos e volta com Politécnica.

Apesar de pouco conhecido, este pequeno filme -- em tamanho, já que conta com apenas 77 minutos -- retrata um assassinato em uma escola de Montreal e é genial. Já mostra toda potência de Villeneuve em trabalhar com a câmera e perturbar o espectador com histórias, no mínimo, surpreendentes. Mas, até este momento, fica a sensação de que Villeneuve não encontrou seu verdadeiro público.

Isso só acontece no ano seguinte, com o arrebatador Incêndios. Quem assiste este longa que marca a carreira de Villeneuve não consegue mais tirar da cabeça. Além dos elementos que citei acima, como o estonteante uso da câmera, este filme brinca com os sentidos da audiência, que não consegue mirar no verdadeiro significado da história. Quando a pessoa acha que descobriu, reviravolta.

Ao final, o espectador sente como se tivesse levado um verdadeiro soco no estômago. Não é fácil digerir Incêndios, nem esquecê-lo. É um filme que fica perambulando a mente como se fosse uma mariposa ao redor de uma lâmpada. Uma hora, bate com tudo na mente e fica preso quase que eternamente. Pena, porém, que a produção seja tão esquecida -- até pelos fãs do cineasta.

Depois do sucesso, o canadense imprimiu quatro obras-primas seguidas, sem respiro, de diferentes gêneros. Primeiro um suspense de tirar o fôlego (Os Suspeitos); um drama pessoal inquietante (O Homem Duplicado, o menor de sua filmografia recente); um thriller (Sicario), que é um dos melhores do gênero dos últimos anos; e uma ficção científica (A Chegada) que deixa qualquer um de boca aberta.

Blade Runner 2049 chega para ser um filme que desafia Villeneuve. Afinal, é o primeiro a ser uma continuação de um filme que se perpetuou pelos anos, apesar das críticas iniciais, e se consolidou como uma clássico inquestionável. É preciso ter coragem -- e muito talento -- para concordar em assumir uma responsabilidade como essa. Hoje em dia, acredito que poucos diretores fariam isso.

Denis Villeneuve, com Blade Runner 2049, tem tudo para se tornar um dos principais nomes do cinema junto com Martin Scorsese, Steven Spielberg, Iñarritú e Paul Thomas Anderson, além de Woody Allen quando está mais inspirado. Só falta, quem sabe, ser consagrado com um Oscar neste ano. Mas, mesmo que não receba a estatueta dourada, não tem problema. Vide Martin Scorsese.

O diretor canadense já conta com o respeito de milhares de cinéfilos pelo mundo e ansiedade é o que não falta para conhecer seus novos projetos -- dizem que o próximo é a adaptação de um livro de Jo Nesbo. Independente do que for, há a certeza de que Villeneuve está pronto e, sem dúvidas, irá entregar um produto de primeira qualidade. É isso que o cinema precisa.

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