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  • Amilton Pinheiro *

Cantor Pedro Mann imprime frescor na música popular contemporânea


A música popular contemporânea (MPC) é um campo fértil para artistas que necessitam experimentar suas multiplicidades sonoras. Não somente usando o que a boa tradição do nosso cancioneiro nos legou, mas renovando o cenário musical com os anseios da nova geração de cantores oriundos de um mundo ultra conectado e relações líquidas.

O cantor, compositor e instrumentista Pedro Mann, carioca de nascimento, é um artista antenado com essa multiplicidade sonora da MPC. Começou sua carreira formando uma banda de rock, INOX, assim como muitos outros jovens aspirantes a cantores, em 1999. Até chegou a ganhar um festival, o Mistura Jovem, em 2002, mas logo se desfez.

No mesmo ano que venceram o concurso, Pedro Mann formou outra banda, a Bondesom. Sexteto instrumentista de jazz, que dura até hoje, e já lançou três álbuns –Bondesom (2007), Procurando Lola (2012) e Três (2014). No grupo, formado por ex-alunos de Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Mann toca baixo, um dos instrumentos que aprendeu desde cedo, além do piano e do violão.

Mas a necessidade de se expressar por outros meios da música ainda persistia dentro do músico. Ele começou a escrever canções que foram gravadas por artistas como Angelo Paes Leme, Thaís Gulin e Matheus VK, entre outros. Concomitantemente Mann tocava como baixista em shows de Gilberto Gil e Roberta Sá. Ainda assim, Mann continuava se sentido incompleto artisticamente. Aí, passou a cantar suas composições.

Em 2013, Mann lançou seu primeiro disco solo, com um título instigante, vindo de uma das suas nove faixas, O Mundo Mora Ali Perto. O disco feito na medida certa para o perfil de um jovem cantor criado numa cidade como o Rio de Janeiro, de belas praias, uma imensidão de mar e o sol que contempla corpos e mentes.

São músicas em grande parte solares que falam de relacionamentos que precisam fertilizar ou parar para que o tempo depure. Ou seja, estabeleça ou não a sua continuação. Mas as letras falam também de questionamentos interiores como na linda balada meio orquestral, Novo Chão. “Nunca se sabe o final dessa história/ Ondas de desejos, perdas e glórias/ São como os seres que trocam de pele/ Mudam pra que um novo chão se revele”.

O cantor fala também das relações líquidas de hoje, com suas regras próprias e sua pressa em acontecer e também terminar. Mas o cantor não somente é coloquial e simples para falar sobre isso, faz metáforas com prosa poética, como na terna Por Perto. “Lá, onde o passo não te alcança/ Sei da distância que não chega/ Fez o que o mar aberto faz/ Leva o mundo e deixa lá/ Deita o sol ainda cedo”.

A sonoridade desse primeiro disco é cheia de camadas e ritmos, que ora flertar com o pop rock, como em Vai Mas Volta, soando como uma canção composta e cantada por Frejat, ora como uma música de roda como em Ondas do Mar, em alguns momentos, com tons rítmicos que lembram canções de Zeca Baleiro. O mundo parece morar mesmo ali perto de Pedro Mann, com as antenas para todos os cantos de sua alma em completa sintonia com seus anseios e medos, como em Separados. “Saber onde é o abrigo/No meio do vendaval/ Saber quando mudar tudo/ Pra continuar tudo igual”.

Se no primeiro disco, Mann flertar com uma cidade de praia, como a do Rio de Janeiro, com seu sol, praias e mar, no álbum de 2016, Cidade Copacabana, a urbanidade e a vida noturna pontuam parte das oito faixas do disco, com a multiplicidade humana que desfila por entre os prédios do bairro mais charmoso da cidade carioca, Copacabana. Nesse disco, novamente, Mann escreve sobre relações líquidas de hoje, que não tem tempo para durar mais que uma festa ou um evento como o Carnaval. São seres que buscam no relacionamento uma maneira de se conhecerem como indivíduos e seus eternos questionamentos existenciais, independente em que tempo viva.

São 20 anos de uma carreira em constante experimentação de estilo, temas explorados e sonoridades dos quatro cantos dos brasis rítmicos, que vai do samba a música eletrônica e seus sintetizadores, passando pop rock, a música regional e uma sempre boa balada. Atualmente o cantor trabalha no seu terceiro disco solo, que deve ser lançado ainda este ano. Agora é esperar o que vem desse instigante artista da música popular contemporânea. Antes, vale a pena conferi-lo ao vivo nesta sexta (28), em São Paulo com a participação especial da cantora Tiê.

SERVIÇOS:

O que? Pedro Mann

Onde? Lab MundoPensante. Rua Treze de Maio, 733 – Bela Vista – São Paulo, SP. Tel: (11) 5082-2657

Quando? A casa abre a partir das 19h

Quanto? R$ 10 (meia)e R$ 20 (inteira)

 
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