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  • Redação

Confira as apostas da equipe do ‘Esquina’ para o Oscar 2018


A cerimônia do Oscar está batendo à porta, sendo realizada no próximo domingo, 4, em Los Angeles -- aliás, se você quiser entender um pouco melhor sobre como funciona o Oscar, veja nosso vídeo. O Esquina, então, reuniu colaboradores, especialistas e fãs de cinema para fazer suas apostas do que acontecerá na cerimônia de premiação com comentários breves.

Aqui, então, uma breve apresentação de cada um: Matheus Mans é jornalista, ex-repórter do Estadão e editor do Esquina; Bárbara Zago é psicóloga, cinéfila e co-fundadora do Esquina; Domenico Minervino é jornalista há 15 anos e aficionado por boa cultura; e Amilton Pinheiro é repórter do Estadão e membro da Associação Brasileiro de Críticos de Cinema (Abraccine).

Matheus Mans: Tem que ser Três Anúncios para um Crime. Ainda que A Forma da Água venha com força, a produção de Martin McDonagh é "muito mais filme" e ganhou toneladas de prêmios.

Amilton Pinheiro: A Forma da Água. Pela maneira lúdica e elegante de filmar essa fábula que acontece em plena Guerra Fria, época de culto ao medo e à histeria, unindo uma bela homenagem aos musicais da Era de Ouro de Hollywood com uma história de amor inusitada entre uma criatura e uma mulher muda que se sente inadequada no mundo, com direito a um policial sádico, perseguições e críticas a maneira moralista e preconceituosa com que o povo norte-americano enxerga o outro.

Domenico Minervino: Considero que esse ano somente metade dos indicados pode ser levado a sério. Quatro dos nove se destacam: Corra!, The Post, O Destino de uma Nação e Três Anúncios para um Crime. Os outros cinco, para mim, são meros coadjuvantes. Sobre Corra!, escrevi a crítica para o Esquina já alertando sobre o potencial do filme. Muito bom. The Post é a história dentro da História. Os últimos dois são os meus favoritos. Se levarem a estatueta está de bom tamanho. Três Anúncios para um Crime é genial na ideia e na execução. E O Destino de uma Nação é um filme sobre um pequeno fragmento da vida de Winston Churchill e sua coragem de enfrentar Hitler. Para mim, quem leva o Oscar é O Destino de uma Nação.

Bárbara Zago: Três Anúncios para um Crime é um filme que conseguiu brilhantemente mesclar humor e drama, ao mesmo tempo que faz uma grande crítica social. Aqui, as atuações não tem sua maior relevância, mas com certeza ajudaram a tornar o filme a obra prima que é.

Matheus Mans: A Forma da Água não é o melhor filme de Guillermo Del Toro, mas será ele que dará o grande prêmio do cinema à ele. Mas ainda acho que Nolan corre por fora, com chances.

Amilton Pinheiro: Guillermo del Toro, de A Forma da Água, filma com segurança e estilo essa fábula-homenagem, com elementos de terror, ficção cientifica, história policial e drama em doses precisas e equilibradas.

Domenico Minervino: Com tantas e tantas indicações, talvez A Forma da Água ganhe somente nessa. Oscar para Guillermo del Toro. No fundo, torço para Jordan Peele. Mas seria uma enorme zebra.

Bárbara Zago: Apesar de não ser fã de filmes de realismo fantástico, é inegável como a direção de Del Toro se destaca na categoria. Utilizando técnicas e uma paleta de cores ideais, foi capaz de transmitir toda a sensibilidade da história.

Matheus Mans: Já é de Gary Oldman. Não tem pra ninguém, ainda que eu prefira o trabalho de Daniel Day-Lewis. Mas difícil desbancar o ator de O Destino de Uma Nação.

Amilton Pinheiro: Gary Oldman faz um trabalho minucioso do primeiro-ministro Winston Churchill, usando com maestria uma pesada caracterização ao seu favor, que deixa sobressair os pequenos gestos e olhares do político que mudou os rumos da Segunda Guerra Mundial.

Domenico Minervino: Gary Oldman não tem concorrentes a altura esse ano. Mesmo que tivesse, ele está um gigante na tela interpretando Churchill em O Destino de uma Nação.

Bárbara Zago: Gary Oldman interpreta Churchill tão bem que em muitos momentos fica difícil distingui-lo. Sua entonação de voz, sotaque e caras e bocas levaram às telas toda a personalidade do primeiro ministro do Reino Unido.

Matheus Mans: Mesma coisa da categoria masculina: Frances McDormand já está com o prêmio nas mãos.

Amilton Pinheiro: Ninguém pode negar o talento exponencial de Frances McDormand para compor personagens como a da mãe que luta por justiça em Três Anúncios Para Um Crime, papel feita na medida para ela. Mas Sally Hawkins consegue nos surpreender e emocionar nesse trabalho minimalista da faxineira muda que decide ajudar uma criatura presa em um laboratório onde trabalha. Sally faz parte de um grupo de atrizes injustiçadas pelo Oscar, seja por não ter sido indicada, como foi em Simplesmente Feliz (2008), ou por perder no ano que concorreu, como foi em Blue Jasmine (2013). Frances vai ganhar, mas Sally merecia mais.

Domenico Minervino: Concorrer com Meryl Streep deve ser sempre trágico e perigoso. Mas, ao meu ver, Frances McDormand, de Três Anúncios para um Crime, está “sobrando”.

Bárbara Zago: Frances McDormand não só é uma boa atriz, mas assistindo ao filme, temos a sensação de que esse papel foi criado para ela. Com doses certas de humor negro, deixa claro sua revolta com a polícia da cidade, ao mesmo tempo que consegue mostrar sua empatia.

Matheus Mans: Torço muito pela vitória de Willem Dafoe, que ainda tem chances. Mas Sam Rockwell é quem deve levar.

Amilton Pinheiro: Na era do politicamente correto, andam falando que o personagem de Sam Rockwell em Três Anúncios Para Um Crime é racista, sexista e homofóbico, e, portanto, não merece a redenção que ele tem no filme. Besteira. O ator consegue equilibrar seu personagem entre o ridículo e o caricato, sem esquecer altas doses de vilania, que nos faz odiá-lo com ternura.

Domenico Minervino: O trabalho de Woody Harrelson é fabuloso, impecável, talvez o melhor de sua vida. Mas o meu voto vai para Sam Rockwell. Os dois brilham em Três Anúncios para um Crime.

Bárbara Zago: A explicação para a escolha de Sam Rockwell como melhor ator coadjuvante se equipara à de Frances. Sam transmite ao público perfeitamente o papel contraditório do policial racista que constantemente tenta impor autoridade, mas que vive com a mãe.

Matheus Mans: Outra categoria que não tem muita discussão. Allison Janney já preparou um espaço pra estatueta na estante.

Amilton Pinheiro: A atriz Allison Janney, conhecida por seus papéis em comédias, faz uma megera odiosa em Eu, Tonya, que de tão megera se termina rindo de suas maldades.

Domenico Minervino: Allison Janney, de Eu, Tonya, leva o meu voto. Laurie Metcalf, de Lady Bird, também merece respeito, mas o que faz Janney é pura arte. Sensacional.

Bárbara Zago: Allison Janney não só é a melhor dentro de sua categoria, como também é a melhor de todo o filme Eu, Tonya. Sua personagem é tão transparente, papel difícil de interpretar, fazendo com que muitos fiquem do seu lado e não da protagonista.

Matheus Mans: Corra! deve se consagrar nessa categoria, fazendo a alegria de grande parte do público. Lady Bird corre por fora.

Amilton Pinheiro: Categoria super equilibrada, com destaque para os roteiros dos filmes A Forma da Água e Lady Bird: A Hora de Voar. Mas quem deve vencer é o roteiro do filme Corra!, que surpreendeu a todos ao falar sobre racismo e segregação racial usando o gênero de terror nos Estados Unidos atuais.

Domenico Minervino: Apesar de gostar muito de Três Anúncios para um Crime, o meu voto vai para Corra!. É uma história plausível e que assusta quem assiste ao filme.

Bárbara Zago: Três Anúncios para um Crime conseguiu tratar a questão da inabilidade da polícia, sexismo e racismo de uma forma inesperada. A ideia é tão simples, mas tão bem elaborada que seria injusto não ganhar a estatueta de melhor roteiro original.

Matheus Mans: Me Chame Pelo Seu Nome deve ser o grande vencedor, já que tem fracos adversário. Só Logan que poderia bater de frente -- e é pra quem vai minha torcida. Mas é difícil desbancar.

Amilton Pinheiro: A história de amor entre um jovem adolescente e um belo pesquisador americano nos anos 1980, numa Itália de cartão-postal, atingiu os corações de todos em Me Chame Pelo Seu Nome. O roteiro sem reviravoltas evita o dramalhão para se concentrar nas pequenas descobertas que o jovem adolescente terá, entre elas, a do primeiro-amor.

Domenico Minervino: Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi, pra mim, é o favorito e acredito que leva a estatueta.

Bárbara Zago: Aqui Me Chame Pelo Seu Nome consegue se destacar dentre os outros indicados. O filme é uma obra prima em todos os seus sentidos e consegue transmitir de maneira erótica e sensível todo o sentimento de Elio e Oliver.

Matheus Mans: Queria muito ver a vitória de Loveless, filme russo muito forte e impactante. Mas é The Square que deve levar.

Amilton Pinheiro: Apesar da forte concorrência dentro da categoria de filme estrangeiro – em especial dos filmes O Insulto, do Líbano, feita na medida para agradar os membros votantes da Academia; e The Square - A Arte da Discórdia, da Suécia, criativo e contemporâneo –, quem deve e merece ganhar é Loveless – Sem Amor, candidato da Rússia dirigido por Andrey Zvyagintsev. O diretor desenvolve esse enredo com uma secura de roer a alma de qualquer um, sem direito a pausa para respiro.

Domenico Minervino: Muito se falou de The Square e Corpo e Alma, mas a minha aposta vai para o filme russo Loveless - Sem amor.

Bárbara Zago: Loveless -- Sem Amor, que conta Com a direção de Andrey Zvyagintsev, que já foi indicado ao Oscar por Leviatã, não é de esperar menos. O filme é uma grande investigação ao desaparecimento de um menino de 12 anos, ao mesmo tempo que critica não só a sociedade russa, através da ineficiência da polícia, como também a sociedade no geral, que parece estar destinada à uma vida superficial e sem amor.

Matheus Mans: É de Viva -- A Vida é uma Festa. E por favor, o que Poderoso Chefinho está fazendo aqui?

Amilton Pinheiro: Com Amor, Van Gogh merecia o prêmio. Um filme deslumbrante, que, com sua técnica artesanal, presta uma linda homenagem ao pintor com sua palheta de cores de tirar o fôlego que remete ao mundo onírico e solar dos quadros do pintor incompreendido em sua época. Mas Viva -- A Vida é uma Festa deve ser o vencedor.

Domenico Minervino: Apesar de Com amor, Van Gogh ser um primor, não acho que seja um filme voltado para crianças. Talvez isso conte de alguma forma. Então, o meu favorito é Viva – A Vida é uma Festa.

Bárbara Zago: Viva -- A Vida é uma Festa deve levar a Disney e a Pixar, novamente, para o palco do Oscar. Difícil algum outro concorrente conseguir bater o favoritismo da casa do Mickey.

Matheus Mans: Visages, Villages, felizmente, já está com a mão no prêmio. Será a grande consagração de Agnès Varda.

Amilton Pinheiro: Agnès Varda, uma das diretoras mais criativas e inquietantes do cinema mundial já deveria ter sido reconhecida por Hollywood, apesar disso não fazer nenhuma diferença para ela, que chega aos 90 anos em plena forma artística. Em sua primeira indicação ao Oscar, é a hora da Academia se redimir e reconhecer o talento dessa diretora francesa no documentário Visages Villages, um road movie pelo interior da França, colecionando personagens e histórias profundas.

Domenico Minervino: Vai dar Visages, Villages. Difícil Agnès Varda sair sem a estatueta da premiação.

Bárbara Zago: Visages, Villages será a redenção de Agnès Varda, injustiçada há tanto tempo pelo Oscar.

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