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  • Redação

Confira as apostas da equipe do 'Esquina' para o Oscar 2019


A cerimônia do Oscar está batendo à porta, sendo realizada no próximo domingo, 24, em Los Angeles -- aliás, se você quiser entender um pouco melhor sobre como funciona o Oscar, veja nosso vídeo. O Esquina, então, reuniu colaboradores, especialistas e fãs de cinema para fazer suas apostas do que acontecerá na cerimônia de premiação com comentários breves.

Aqui, então, uma breve apresentação de cada um: Matheus Mans é jornalista, colaborador do Estadão e editor do Esquina; Bárbara Zago é psicóloga, cinéfila e co-fundadora do Esquina; Beatriz Marques é jornalista e aficionado por cinema; e Amilton Pinheiro é colaborador do Estadão e membro da Associação Brasileiro de Críticos de Cinema (Abraccine).

Amilton Pinheiro: O Oscar de 2019, a maior festa do cinema mundial, ficará para história como um divisor de águas. Será a primeira, de muitas, certamente, que o prêmio de melhor filme irá para uma produção originalmente feita para um streaming, no caso a Netflix. Claro que estou falando de Roma, de Alfonso Cuarón, lançado em dezembro de 2018. O filme mais intimista e autobiográfico de Cuarón agradou a crítica e ao público na mesma intensidade, ao narrar a história de uma família de classe média num bairro da Cidade do México. Filmado em preto-e-branco, o longa é uma crítica mordaz e lúcida sobre as relações entre empregados e patrões, tendo como pano de fundo um México em ebulição política e social. Dentre os oito indicados, Roma é disparado o melhor filme da safra do Oscar do ano passado, com sua maestria nos planos-sequência, nas cenas intimistas e panorâmicas, sem perder os detalhes e as emoções da história narrada.

Bárbara Zago: Com temática sensível e roteiro bem desenvolvido, Roma é um filme denso e não muito fácil de digerir. No entanto, o que Cuarón conseguiu criar é brilhante e se destaca diante de seus concorrentes.

Beatriz Marques: Acho que é dessa vez que o Netflix vai conseguir provar a sua hegemonia perante a indústria cinematográfica. Roma é um filme perfeito para a premiação. Apesar de não ser meu preferido, deve ser o vencedor.

Matheus Mans: Já fazia mais de uma década que o Oscar não estava tão indefinido. Difícil prever aqui. O favorito é Roma, que varreu os prêmios por onde levou. Mas será que vão dar um Oscar para um filme em preto-e-branco da Netflix? É ver pra crer.

Amilton Pinheiro: Sem dúvidas, Cuarón levará para casa sua segunda estatueta, agora mais do que merecida. Vencedor do Globo de Ouro, Bafta e do DGA (sigla em inglês do Sindicato dos Diretores dos EUA), Cuarón provou mais uma vez que é um dos diretores mais criativos e inteligentes do momento. Ele fez quase tudo nesse filme: dirigiu, roteirizou, editou, fotografou e produziu. Foi um maestro na sinfonia entristecida e silenciosa de Roma.

Bárbara Zago: Roma é uma aula sobre cinema bem feito. Com uma estatueta no currículo com Gravidade, o mexicano Alfonso Cuarón se aperfeiçoa ainda mais nesse drama familiar.

Beatriz Marques: A sábia e sensível direção de Cuarón é a alma do filme. Acho difícil algum outro conseguir levar a estatueta.

Matheus Mans: Alfonso Cuarón, de Roma, já estão limpando a estante em casa para pôr o troféu.

Amilton Pinheiro: Quatro indicados desta categoria merecem elogios: Viggo Mortensen, um ator exemplar e dedicado em tudo que faz; William Defoe, sempre muito preciso e correto nas suas composições de personagens inadequados no mundo, como o do pintor Van Gogh; Rami Malek que personificou o seu Freddie Mercury com coragem e sem medo de errar em um ou outro detalhe; e Christian Bale, ator cirúrgico e assombroso nas composições díspares. Apesar da disputa acirrada entre ele e Malek, o Oscar deverá cair novamente nos braços de Bale, em Vice. Ele é um daqueles atores que adapta o corpo e a alma para seus personagens, sejam reais ou ficcionais, com altas doses de transformação, sem esquecer os gestos e os olhares de cada um deles.

Bárbara Zago: Nada mais justo do que dar um Oscar para o homem que interpretou o rei Freddie Mercury. Rami Malek, em Bohemian Rhapsody, apresenta uma atuação incrível que deixaria o cantor orgulhoso. Diferente de Christian Bale em Vice, Malek consegue criar um personagem e não imitar. Apenas a cena do Live Aid já seria suficiente para dar a estatueta ao ator de Mr. Robot.

Beatriz Marques: A atuação de Viggo Mortensen, em Green Book, é tão impressionante que nos faz acreditar que o filme seja um documentário.

Matheus Mans: Christian Bale vinha forte, mas Vice é bem mediano. Rami Malek, de Bohemian Rhapsody, assumiu o posto de favorito. E agora ninguém deve tirar.

Amilton Pinheiro: Glenn Close é uma das melhores atrizes da sua geração, e há muito tempo merecia ter levado para casa um Oscar, quem sabe dois. Mas ela foi sábia para esperar sua vez. O prêmio que receberá no dia 24 não será de consolação para suas derrotas anteriores. Seu trabalho em A Esposa tem todos os elementos das composições que fez em outras atuações memoráveis. Uma grande atriz, em um trabalho de gestos e olhares.

Bárbara Zago: A premiação de Glenn Close é quase uma reparação histórica. Provando ser uma excelente atriz ao longo de sua carreira, mostra que merece a estatueta com sua ótima performance em A Esposa.

Beatriz Marques: A Esposa decepciona em diversos aspectos, mas a atuação de Glenn Close transforma o filme.

Matheus Mans: É de Glenn Close, ótima em A Esposa e melhor ainda em toda sua carreira. É o Oscar de redenção, o Oscar pelo conjunto da obra. Sai pra lá Lady Gaga!

Amilton Pinheiro: Nos últimos anos, a categoria de melhor atriz coadjuvante vem cometendo injustiças, grande parte delas pela necessidade do “politicamente correto”. O prêmio termina servindo como uma espécie de reconhecimento, de consolação, para apaziguar os ânimos e as justas reivindicações de atores negros por mais trabalho e visibilidade. Neste ano, esse procedimento fica gritante com a indicação de Regina King em Se a Rua Beale Falasse, a grande favorita numa categoria com melhores atuações. Nas duas cenas em que ela poderia se sobressair, King atua de forma burocrática e sem muita expressão. Por isso, esperamos que a Academia olhe para as outras indicadas, em especial para o trabalho de Rachel Weisz, uma antagonista exemplar em A Favorita; ou para Amy Adams, a Glenn Close dos anos 2000, que já foi várias vezes indicadas sem ganhar nada.

Bárbara Zago: Vencedora de inúmeras premiações que antecedem o Oscar, Regina King se prova uma excelente atriz, mesmo competindo com mulheres igualmente talentosas.

Beatriz Marques: Amy Adams se transforma para viver seu papel em Vice, que apesar de não ter muito destaque, é o que o Oscar gosta.

Matheus Mans: Infelizmente deve ser de Regina King, que tem um papel pífio e sem arco dramático algum no fraco Se a Rua Beale Falasse. Merecia Emma Stone ou Amy Adams.

Amilton Pinheiro: Uma categoria com pelo menos quatro belas atuações: Sam Elliot em Nasce Uma Estrela; Richard E. Grant em Poderia me Perdoar?; Adam Driver em Infiltrados no Klan; e o vencedor desta categoria, Mahershala Ali, comovente em Green Book – O Guia. Apesar de ter vencido recentemente como coadjuvante em Moonlight, em 2017, sem merecer, Ali agora é unanimidade por sua composição intimista, de poucas falas e gestos, de um pianista que sofre preconceito racial numa América de lutas civis nos anos 1960.

Bárbara Zago: Green Book provavelmente não funcionaria se não houvesse tanta química entre os personagens interpretados por Viggo Mortensen e Mahershala Ali. Cada um com suas características e personalidades muito bem definidas, complementam-se e dão grande força ao filme. A atuação de Ali é de se admirar e não possui competidores à sua altura nesta categoria.

Beatriz Marques: Além de ser a única que eu acredito merecedora da estatueta, a atuação de Ali, assim como de Viggo, é incrivelmente real

Matheus Mans: Depois do absurdo de ter ganho por Moonlight, Mahershala Ali finalmente vai levar o prêmio merecidamente por seu papel em Green Book. Não tem pra ninguém.

Amilton Pinheiro: Um roteiro bem escrito é meio caminho andado para um bom filme, com raras exceções. Dos cinco indicados, o de Green Book – O Guia, de Nick Vallelonga, Brian Currie e do diretor Peter Farrelly, é o mais eficiente, e ajudou em muito na fluidez narrativa do filme, não deixando “barriga” nenhuma ao longo dele. Outro mérito do roteiro são as falas dos dois personagens centrais, a do pianista e do motorista, com cargas equilibradas de emoção, de humor e de reflexão. Roteiro que todo diretor gostaria de filmar.

Bárbara Zago: Ainda que Green Book seja mais fluído e fácil de se assistir, quem deve levar o Oscar por melhor roteiro original é o filme do grego Yorgos Lanthimos. Com um humor refinado e uma história muito bem contada, A Favorita é um dos melhores filmes do ano.

Beatriz Marques: O roteiro de Green Book consegue abordar um assunto delicado como o preconceito com pontos de tensão que se alternam brilhantemente com os inteligentes alívios cômicos. Ainda assim, acredito que Vice, pela inteligente e original quebra de ritmo, também tem grandes chances de levar a estatueta

Matheus Mans: Categoria difícil, já que Eight Grade que levou o prêmio do sindicato, mas foi esnobado pelo Oscar. Por eliminação, deve dar A Favorita. Mas Green Book tem chance.

Amilton Pinheiro: Categoria bem equilibrada de roteiros retirados de bons livros, com destaque para os dos filmes Infiltrados do Klan, Se a Rua Beale Falasse, e provavelmente o vencedor da categoria, Poderia me Perdoar?, adaptado por Nicole Holofcener e Jeff Whitty.

Bárbara Zago: Infiltrado na Klan traz uma história surreal, com um detalhe: é verídica. Ainda que o filme de Spike Lee apresente defeitos de roteiro, é quem sai na frente na competição.

Beatriz Marques: Um favorito pessoal, Nasce uma Estrela não deve levar muitos prêmios. No entanto, acredito que o bom roteiro o faça levar pelo menos uma estatueta.

Matheus Mans: Ficou confuso depois que Poderia me Perdoar? levou o prêmio do Sindicato. Mas acredito que Infiltrado na Klan deve ganhar e dar ao público um discurso de Spike Lee.

Amilton Pinheiro: Diferente de outros países, o Brasil raramente faz a sua melhor escolha para representá-lo a uma vaga de melhor filme estrangeiro no Oscar. O resto do mundo parece que sabe escolher o que produziu de melhor para indicar a uma destas vagas tão disputadas da Academia. Os cinco filmes finalistas deste ano são um bom exemplo dessas acertadas escolhas. O Japão indicou o humano e singelo Assunto de Família; do Líbano veio Cafarnaum, com a dura realidade dos seus personagens mirins; e da Alemanha o bem narrado Nunca Deixe de Lembrar. Por coincidência, os dois outros filmes indicados na categoria são em preto e branco. O já citado, Roma, do México, que também recebeu mais nove indicações, e Guerra Fria, o belo representante da Polônia, com sua triste história de amor em tempos de exceção. Deve ganhar Roma, mas se a escolha recair em Guerra Fria não se estaria cometendo nenhuma injustiça nem a Roma e muito menos aos outros filmes desta categoria.

Bárbara Zago: A categoria de melhor filme estrangeiro talvez seja a mais difícil de fazer uma aposta este ano. Os filmes aqui indicados são, em sua maioria, superiores aos norte-americanos. Pelo fato de Roma estar concorrendo à melhor filme e apresentar grandes chances de levar o prêmio para casa, acredito que seja o grande vencedor da noite. Mesmo assim, Cafarnaum e Guerra Fria não deixam a desejar.

Beatriz Marques: Roma deve emplacar as duas premiações: Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro. No entanto, Guerra Fria pode surpreender nessa categoria.

Matheus Mans: Corre a aposta que, se Roma levar o prêmio principal, Guerra Fria acaba ficando com esse prêmio aqui. Mas acho difícil. São sistemas diferentes de votação. Roma deve ganhar.

Amilton Pinheiro: E o vencedor de melhor animação é... Homem-Aranha: No Aranhaverso, de Peter Ramsey, Rodney Rothman, Bob Persichetti, Phil Lord e Christopher Miller. Se fosse para escolher uma categoria sem nenhuma possibilidade de erro, seria a de melhor animação, para esse desenho que renovou a maneira de fazer animação, e deve fazer escola daqui por diante.

Bárbara Zago: Havia muito tempo que o cinema não apresentava uma animação tão bem feita quanto Homem-Aranha no Aranhaverso. E pra gostar, não é preciso ser fã dos quadrinhos, dos outros filmes ou até mesmo do universo de super heróis; basta apreciar um bom filme.

Beatriz Marques: Por mais que eu tenha me fascinados por Ilha dos Cachorros, de Wes Anderson, acredito que Homem-Aranha no Aranhaverso é o candidato perfeito para tirar a hegemonia da Disney que vem levando a estatueta para casa nos últimos anos. O longa utiliza-se de uma animação primorosa capaz de combinar perfeitamente os efeitos dos quadrinhos para a sétima arte. Meu sonho dos Estúdios Ghibli tirando essa hegemonia terá de ficar para um próximo ano;

Matheus Mans: É barbada. Homem-Aranha no Aranhaverso já levou. Afinal, só este e outros dois prestam de verdade. O resto...

Amilton Pinheiro: Uma das categorias difíceis para analisar, poucos destes documentários indicados chegam ao Brasil antes de se saber quem venceu. Dos cinco correntes, três se sobressaem: Of Fathers and Sons, de Talal Derki, Ansgar Frerich, Eva Kemme e Tobias N. Siebert, que venceu o Grande Prêmio do Júri de Sundance; Free Solo, de Elizabeth Chai Vasarhelyi, Jimmy Chin, Evan Hayes e Shannon Dill, grande aposta da crítica especializada; e RBG, de Julie Cohen e Betsy West, com sua temática politizada. Bato o martelo neste, como possível vencedor.

Bárbara Zago: Free Solo é o mais vistoso de toda a competição. Cheio de lindas imagens, e parecido com um filme de ficção em termos de ritmo e narrativa deve levar o Oscar pra casa.

Beatriz Marques: O prêmio deve ficar entre Free Solo e RGB. Prefiro o primeiro, mas acredito que RBG vai levar pela forte temática social.

Matheus Mans: Categoria complicada com filmes medianos. A grandiosidade de Free Solo, porém, deve levar -- ainda que RGB corra forte por fora, ameaçando o principal.

Amilton Pinheiro: Filmes de época têm uma bela vantagem na categoria de Melhor Direção de Arte, assim como a do Figurino. Por conta disso, e de outros fatores, o filme A Favorita deve levar para casa seu Oscar pelos trabalhos de Fiona Crombie e Alice Felton.

Beatriz Marques: Meu favorito pessoal, o novo filme de Mary Poppins consegue brilhantemente nos transportar para um outro mundo, além de trazer a nostalgia do primeiro filme.

Matheus Mans: Difícil A Favorita não levar. Só se Pantera Negra surpreender na hora.

Amilton Pinheiro: Neste ano, cabe A Favorita levar para casa o Oscar nesta categoria, com seus figurinos sem tantas pompas dos personagens que cercam aquele reinado exercido por uma rainha nada convencional. Os figurinos são de Sandy Powell.

Beatriz Marques: Nessa categoria vou optar por um favorito pessoal. Os figurinos elaborados por Ruth E. Carter em Pantera Negra conseguiram brilhantemente incluir os elementos da cultura africana no filme, tornando-os uma peça fundamental para a narrativa.

Matheus Mans: A Favorita deve manter a invencibilidade dos filmes de época dessa categoria. Pantera Negra, novamente, corra por fora.

Amilton Pinheiro: Fica aqui uma reclamação e uma pergunta: por que a Academia não indica cinco finalistas nesta categoria, como acontece com todas as outras? Nos últimos anos, a lista não passa de três finalistas, o que enfraquece o vencedor da categoria. Quem deve ganhar o Oscar, não pode ser outro, senão Vice, de Greg Cannom, Kate Viscoe e Patricia DeHaney, que dão naturalidade ao envelhecimento dos personagens centrais, vividos por Christian Bale e Amy Adams.

Beatriz Marques: As transformações dos artistas são inegavelmente impressionantes. Por isso, nada mais justo do que dar o prêmio à maquiagem de Vice.

Matheus Mans: Já é de Vice. Duas Rainhas e Border estão lá só pra cumprir tabela.

Amilton Pinheiro: Dois possíveis diretores de fotografia estão no páreo nesta importante categoria. E por coincidência, dois trabalhos que ganham força e embelezamento na sua fotografia em preto e branco: Roma, realizado pelo seu diretor, Alfonso Cuarón; e Guerra Fria, de Lukasz Zal. São dois trabalhos vigorosos e deslumbrantes, e quem leva uma certa vantagem é o diretor de fotografia Alfonso Cuarón, de Roma. Mas Lukasz Zal pode surpreender.

Beatriz Marques: Desde o primeiro plano do filme, a cinematografia de Roma prova-se criativa e muito significativa. É como se os posicionamentos de câmera significassem mais do que as próprias falas dos atores.

Matheus Mans: Deverá ser a primeira vez na cerimônia que Cuarón subirá ao palco por Roma. Guerra Fria, porém, ainda está vivo e com chances.

Amilton Pinheiro: O filme de Adam McKay, Vice, ganha muito do seu ritmo e de sua verve ácida e debochada por conta da criativa e ágil edição a cargo de Hank Corwin, que imprimi uma narrativa referencial e sincopada à história do vice-presidente Dick Cheney (Christian Bale) do inexpressivo e incompetente George W. Bush, uma versão, pasmem, melhorada da nulidade do nosso atual presidente da República, Jair Bolsonaro.

Beatriz Marques: A edição estilo documental de Vice me conquistou. A forma como ela trabalha com o roteiro é extremamente inteligente.

Matheus Mans: Bohemian Rhapsody levou os principais prêmios da categoria. Deve ser o vencedor, ainda que Vice tenha força o suficiente pra levar o prêmio sem surpresas.

Amilton Pinheiro: Prêmios técnicos dificilmente inspiram bons textos a respeito dos críticos e jornalistas que escrevem sobre cinema. Uma das razões, claro, são as dificuldades de analisar seus aspectos. Assim como em outras categorias, a melhor forma de saber quem possivelmente vencerá é conhecer o ganhador do Sindicato. E quem venceu, aqui, foi o filme Vingadores: Guerra Infinita, que certamente deverá levar o Oscar para casa. Os efeitos ficaram a cargo de Dan DeLeeuw, Kelly Port, Russell Earl e Dan Sudick.

Beatriz Marques: Nessa categoria fica até difícil competir com Guerra Infinita. Os efeitos especiais do filme foram impecáveis o suficiente para desbancar os dois Star Wars que deixaram a desejar em alguns elementos.

Matheus Mans: Outra categoria bem indefinida. Mas Vingadores: Guerra Infinita deve ser o vencedor.

Amilton Pinheiro: Um dos mais fracos concorrentes do Oscar de melhor filme desde ano, Nasce Uma Estrela, tem em suas canções a sua força maior e, diria, única. A escalação da cantora e (fraca) atriz Lady Gaga para o filme se deve ao seu talento para cantar e compor, como na canção Shallow, que ela escreveu com Mark Ranson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt para o filme. Deve ser o prêmio de consolação para um remake desnecessário de uma história que já tinha outras melhores adaptações e interpretações, em especial a da Judy Garland e Barbra Streisand.

Beatriz Marques: Num Oscar cercado de polêmicas sobre a apresentação dos artistas que concorrem em Melhor Canção Original, acredito que, mesmo assim, Gaga ou Lamar devem levar a estatueta. Apesar de amar Gaga, minha aposta é para All the Stars.

Matheus Mans: "In the shallow, shallow/ In the shallow, shallow/ In the shallow, shallow/ We're far from the shallow now/ Oh, oh, oh, oh/ Whoah!"

Amilton Pinheiro: Uma das razões que torna o filme Se a Rua Beale Falasse melancólico e comovente é sua trilha sonora, realizada por Nicholas Briteli. Composta por blues e jazz, em grande parte, as canções dão a cadência que a história pede para se desenvolver.

Beatriz Marques: Assim como o figurino, a trilha de Pantera Negra consegue muito bem remeter às tradições africanas.

Matheus Mans: Infelizmente, Se a Rua Beale Falasse é o grande favorito -- fazendo com que este filme extremamente mediano saia da noite com dos Oscars. Mas a torcida -- e a possível surpresa -- fica pra ótima trilha de Pantera Negra.

Amilton Pinheiro: Uma das dicas para opinar em uma das categorias técnicas do Oscar, além de procurar saber quem ganhou os prêmios dos respectivos Sindicatos, é saber qual é temática dos indicados. Quando é um filme de ficção cientifica ou de super heróis, eles levam uma certa vantagem nas indicações e nas vitórias. Outra coisa importante a ser observada é se o filme em questão aborda histórias relacionadas a conquista espacial americana. Neste caso, pode ter certeza que ele tem uma margem de vantagem em relação aos outros concorrentes. Por conta disso, a aposta no filme O Primeiro Homem, como o vencedor nesta categoria, é o mais acertada. Antes das indicações, a crítica especializada esperava que Primeiro Homem – dirigido pelo oscarizado Damien Chazelle, de La La Land – tivesse reconhecimento artístico, o que não aconteceu.

Beatriz Marques: Um Lugar Silencioso conta com uma das mais impressionantes edições de som, afinal, todo a sua trama gira em torno desse trabalho minucioso.

Matheus Mans: Bohemian Rhapsody e Primeiro Homem estão tão empatados que deve dar o azarão: Um Lugar Silencioso.

Amilton Pinheiro: Quem levou o prêmio do Sindicato da categoria foi o filme Bohemian Rhapsody, então, nossa aposta para o Oscar não poderia ser outro indicado. Uma das razões, segundo a crítica especializada, para o prêmio do Sindicato e possivelmente o Oscar, é a mixagem do som do show que o Queen fez em 1985 no Live Aid, reproduzido na íntegra no filme. A mixagem de som ficou a cargo de Paul Massey, Tim Cavagin e John Casali.

Beatriz Marques: Apesar de amar Queen, não gostei tanto assim de Bohemian Rhapsody. Acredito que esse seja o único prêmio que o longa realmente mereça.

Matheus Mans: Mais uma categoria empatadíssima. Mas Bohemian Rhapsody deve ganhar, enquanto Roma corre forte por fora.

Amilton Pinheiro: É uma categoria que todo mundo chuta, assim como na de documentário. São poucas as informações que temos disponíveis, além da dificuldade de assistí-los antes das premiações do Oscar. Uma das maneiras de fazer uma aposta com algum elemento que ajude na escolha, nesta categoria, é saber em sites especializados de curta-metragem as poucas informações disponíveis sobre eles. Entre os candidatos, dois parecem com mais chances: Fauve, de Jeremy Conte e Maria Gracia Turgeon, por causa do prêmio recebido no Festival de Cannes; e Marguerite, de Marianne Farley e Marie-Helène Panisset, que além de vários prêmios conquistados pelo mundo, conta uma história de mulheres edificante, o que pode agradar os votantes da Academia. Portanto, Marguerite tem mais chances de levar o Oscar para casa.

Beatriz Marques: Marguerite é o grande favorito da categoria por conta da sensibilidade que a história traz. Deve levar.

Matheus Mans: Detainment não ganha de jeito algum. Mother parece a preparação de um filme, apesar de bem filmado. Fauve é bom, mas falta algo. A coisa fica entre Skin e Marguerite. Pela importância da história, então, minha aposta é Marguerite.

Amilton Pinheiro: Entre técnicas de desenho, palheta de cores e temas abordados, sem contar uma grande empresa por trás de um dos curtas de animação, dois filmes se destacam nesta categoria: Fim de Tarde, de Louise Bagnall e Nuria González Blanco; e Bao, de Domee Shi e Becky Neiman-Cobb, que tem a toda poderosa Disney-Pixar no currículo, o que deve pesar ao seu favor na escolha dos votantes desta categoria no Oscar.

Beatriz Marques: Sairei do tão acalmado Bao para Weekends. A história e dedicação de Trever Jimenez nesse curta foram tão impressionantes quanto o seu resultado.

Matheus Mans: Categoria que perdeu a graça depois que Lost & Found não foi indicado. Deve ficar com Bao e não promover muitas surpresas.

Amilton Pinheiro: Dois filmes despontam em relação aos outros três nesta categoria de documentário de curta-metragem por conta das temáticas urgentes, tão caras na sociedade de hoje. Black Sheep, de Ed Perkins e Jonathan Chinn, que trata de racismo; e Period. End of Sentence, de Rayka Zehtabchi e Melissa Berton, que aborda uma revolução de mulheres em uma aldeia na Índia. Porém, se é para bater o martelo em um dos dois, fico com Black Sheep, por se tratar de uma realidade mais próxima dos americanos que lutam há muitos décadas contra o racismo vigente em sua sociedade.

Beatriz Marques: Black Sheep deve se consagrar como o grande vencedor, ainda que Life Boat e Period. End of Sentence tragam bons momentos.

Matheus Mans: Entre filmes medianos, Black Sheep deve levar -- e o que esse A Night at the Garden tá fazendo aí?

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