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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Declínio', da Netflix, é filme banal sobre sobrevivência


Antoine (Guillaume Laurin) é um homem obcecado com o apocalipse. Preocupado, ele faz treinamentos noturnos com esposa e filha caso precise fugir de uma hora para outra, na madrugada fria de Quebec. Com essa personalidade, ele acaba entrando num "acampamento de sobrevivência", comandado pelo youtuber Alain (Réal Bossé), para aprender novas técnicas.


Dirigido pelo estreante Patrice Laliberté, o longa-metragem O Declínio é um filme que começa muito promissor. Apesar de ter esse ar de sobrevivência desde o começo, os elementos presentes na narrativa parecem originais: um youtuber estranho e isolado, um protagonista obcecado pelo fim do mundo, coadjuvantes que apresentam personalidades fragmentadas.


No entanto, o desenrolar não poderia ser mais desinteressante. Os roteiristas estreantes Laliberté, Charles Dionne e Nicolas Krief pegam todos esses elementos e, rapidamente, fazem com que tudo se torne banal. Com personalidades rasas, os personagens envolvidos nesse experimento de sobrevivência são apenas aquilo: humanos correndo de outros humanos.


Uma pena que Laliberté não tenha bebido da fonte de A Estrada, Extermínio ou coisa do tipo. Está mais para um O Acampamento. Personagens rasos fugindo de outros personagens rasos em um cenário frio e distante, onde a natureza impera. Claro: há certa empolgação em torcer pelos personagens, mas cansa. Afinal, é algo que já vimos nos cinemas várias e várias vezes.


O elenco também não é grande coisa. Bossé (da série 19-2) poderia apostar numa psiquê desesperada, horrenda e que vai mergulhando na loucura -- podendo, inclusive, apertar mais a questão de ser youtuber. Mas, no final, é apenas um cara tentando manter seus negócios. E Laurin (Mommy) tinha espaço pra muito mais. Até uma reviravolta. Mas no final... É só aquilo.


A conclusão até tem um acerto interessante, principalmente na escolha do último personagem vivo. Mas O Declínio poderia ser algo muito maior: uma metáfora sobre a vida, sobre o apocalipse, sobre a loucura e a insanidade. Só que o cineasta e os três roteiristas não vão além e morrem na praia. Um filme qualquer, esquecível. Apenas para um entretenimento qualquer.

 
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