Crítica: '10 Dias de um Homem Mau', da Netflix, é filme investigativo insuportável
- Matheus Mans
- 18 de ago. de 2023
- 2 min de leitura

Hoje me senti dentro de um déjà vu por mais de duas horas. O motivo? Assisti ao filme 10 Dias de um Homem Mau, estreia da Netflix desta sexta-feira, 18 de agosto, e que segue à risca exatamente o que já vimos no filme anterior da saga, o fraquíssimo 10 Dias de um Homem Bom.
O longa-metragem continua a acompanhar Sadik (Nejat Isler), um ex-advogado que agora trabalha como investigador particular. Como acontecem com as histórias de Hercule Poirot ou até de Sherlock Holmes, a trama investigativa neste novo filme é totalmente independente do que vimos no longa anterior -- ainda que Sadik e outros personagens retornem à trama.
No entanto, ainda assim, 10 Dias de um Homem Mau continua com os mesmos problemas que vimos na história anterior. Pra começar, Sadik é um personagem que beira o insuportável. O roteiro de Mehmet Eroglu e Damla Serim (que roteirizaram o filme anterior) trabalha incessantemente para transformá-lo em um tipo óbvio de investigador, que todo mundo já conhece: ele está passando por um momento ruim, mas mesmo assim consegue ser sedutor.
Em termos do crime que está sendo investigado -- que não vamos entrar em muitos detalhes para não estragar a experiência --, 10 Dias de um Homem Mau finge ser mais complexo do que é de fato. Fica dando voltas e voltas no mesmo fato, nas mesmas histórias, tentando transformar isso em uma complexidade vazia, que apenas faz de conta que é desafiadora.
Sadik também é um personagem difícil de lidar. Tudo ao seu redor é exageradamente artificial -- ainda que uma revelação sobre sua esposa finalmente coloca um pouco mais de humanidade no personagem. Ainda assim, porém, ele continua sendo apenas uma idealização de personagem, mas não um personagem efetivamente real, que é sedutor apesar de ser tão simples e vazio.
10 Dias de um Homem Mau é um filme que repete todos os problemas do longa-metragem anterior: é vazio, é cansativo e se torna uma idealização vazia do que é o cinema policial -- parece que leram Bukowski, mesclaram com cinema investigativo vazio e, no final, colocaram tudo em um higienizado demais. Agora é só esperar um previsível terceiro filme da franquia.


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