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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Candidata Perfeita' é filme banal, mas com questões potentes


A cineasta saudita Haifaa Al-Mansour fez história: foi a primeira mulher a dirigir um filme na Arábia Saudita, quebrando uma corrente de machismo por lá. Fez sucesso. Depois, chegou a comandar Mary Shelley e Felicidade por um Fio fora de seu país de origem, conquistando boas críticas. Agora, retorna para a Arábia Saudita para contar a história de A Candidata Perfeita.


Com um tom leve, Al-Mansour pega carona nas discussões sobre protagonismo feminino e machismo no Oriente Médio para contar a história de uma mulher que decide concorrer a um cargo público na sua cidade para ajudar a população -- e indo contra o patriarcado. Médica, essa personagem quer resolver um problema simples, mas, acima de tudo, servir como inspiração.


Ainda que seja mais convencional do que em seus outros trabalhos, a cineasta mostra novamente personalidade ao colocar suas opiniões claras na história e marcando sua posição num assunto que ferve na região. Assim como Al-Mansour foi pioneira no cinema da Arábia Saudita, A Candidata Perfeita também fala sobre isso: pioneirismo, coragem, determinação.

O longa poderia ser mais forte e aprofundado, além de ter um pouco mais de identidade em sua realização, mas ainda assim tem espaço de sobra para refletirmos sobre o mundo de hoje.


Em um momento em que liberdades individuais são sugadas da população do Afeganistão, por exemplo, há motivos de sobra para celebrarmos um filme como este. Cutuca a ferida e, ainda que seja um pouco repetitivo para quem já está conectado com essas discussões sobre empoderamento, tem capacidade de ir além e falar para pessoas que, geralmente, ignoram isso.


Destaque também para a boa atuação de Mila Al Zahrani, essa médica lutando por uma vaga na administração pública. A atriz, estreante em longas, consegue transitar entre emoções (frustração, medo, coragem, ousadia) e consolidar sua personagem no imaginário do público. Ela é diretamente responsável pelo bom resultado do filme, indo além de algo água com açúcar.


Dessa maneira, A Candidata Perfeita é um filme que, mesmo imperfeito, merece ser celebrado. Fala sobre assuntos importantes com uma estética acessível e dá espaço para que novos públicos embarquem na discussão sobre protagonismo feminino sem grandes tropeços. Não é o caminho ideal, claro. Mas pode ser uma boa porta de entrada para reflexões mais profundas.

 

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