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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Cinco Passos de Você' é filme triste e emotivo, mas repetitivo


Stella (Haley Lu Richardson) é uma adolescente que vive uma vida longe do agito e das descobertas naturais da idade. Portadora de fibrose cística, doença que impede seus pulmões de funcionarem corretamente, ela precisa administrar altas doses diárias de medicamentos, realizar exercícios físicos específicos e, principalmente, manter distância de outras pessoas. Afinal, o simples toque pode fazer com que ela contraia alguma infecção e, dessa maneira, agrave seu quadro clínico, que já é bem complicado.

As coisas saem do controle, porém, quando ela conhece Will Newman (Cole Sprouse), um garoto com a mesma condição clínica e que ainda conta com um agravamento: uma bactéria, alojada no pulmão, que pode ser transmitida facilmente para outras pessoas com a doença. E claro: mesmo com esse problema bem específico, o casal de adolescentes começa a se aproximar, a sentir uma paixão natural e a ter vontade de fazer o que é natural pra idade. Essa é a premissa do emotivo A Cinco Passos de Você, longa-metragem que chega nas salas dos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 21.

Dirigido pelo inexperiente Justin Baldoni (ator de Jane The Virgin), o filme surfa na onda das histórias de romances adolescentes que falam sobre doenças, geralmente desconhecidas -- moda que começou com o lacrimoso A Culpa é das Estrelas, de 2014. E talvez por essa falta de experiência do diretor, ou pela dificuldade em romper com a fórmula desse gênero, A Cinco Passos de Você é genérico em sua forma e conteúdo. Há uma proximidade muito grande entre este novo filme e os razoáveis Tudo e Todas as Coisas, de 2017; e Sol da Meia-Noite, de 2018. Misture-os e pronto. Já viu este filme.

Mas esta falta de originalidade, fruto dessa fórmula pronta que o subgênero se vale, não tira o mérito dos objetivos que são cumpridos pelo longa-metragem: criar emoção a partir da história e fazer chorar. O primeiro ponto se dá, principalmente, por conta da protagonista -- muito bem interpretada pela promessa Haley Lu Richardson, de Quase 18. Ela representa muito bem uma pessoa que luta contra suas emoções e desejos para, enfim, conseguir tratamento. Repleta de camadas, sua personagem vai se revelando extremamente complexa e interessante. É forte as revelações que são feitas aos poucos.

Em contrapartida, Cole Sprouse (de Zack & Cody e Riverdale) diminui drasticamente a qualidade de interpretação do longa-metragem. Ele não consegue expressar emoções com sinceridade e o embate que o personagem parece viver fica apenas no roteiro. Suas emoções não refletem o que as situações e os diálogos tentam mostrar. Nota zero.

Outra coisa que complica é o final. Ainda que seja um perfeito para o público chorar, há sequências que não fazem sentido se as analisar friamente. Um encadeamento de situações envolvendo os dois protagonistas, por exemplo, extrapola qualquer limite de bom senso -- a personagem de Richardson, por exemplo, passa por uma situações extremamente complicada e mesmo assim é submetida a um procedimento médico complexo. Não faz sentido e tira a atenção do espectador que reparar nisso. É fatal.

Talvez um roteiro mais apurado, um diretor mais experiente ou um ator mais capaz -- que está nesta produção apenas pelo público que vai puxar da série adolescente -- faria com que tudo ficasse melhor. Essa própria falta de sentido nas sequências finais, por exemplo, poderia ser resolvida com uma simples passagem de tempo. Uma cena drástica, que deixa Stella numa situação complicada, poderia ter sido facilmente eliminada e o clímax viria de algo mais fácil, real e simples. Pra quê complicar tanto?

A Cinco Passos de Você é apenas mais uma história num mar de produções sobre romances de adolescentes que enfrentam algum tipo de doença. Não se diferencia em absolutamente nada. Mas quem quer chorar no cinema com uma história realmente trágica, que chega num poço de tristeza acumulada ao seu final, será muito bem recompensado pelo longa-metragem. O choro é livre e incentivado pela história. Mas os que buscam algo de novo no subgênero, sinto muito. É apenas mais do mesmo, de novo.

 

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