![](https://static.wixstatic.com/media/894d3e_47b5f2a34383490daf6e331cc31380ae~mv2.png/v1/fill/w_980,h_552,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/894d3e_47b5f2a34383490daf6e331cc31380ae~mv2.png)
Engana-se quem pensa que adaptar alguma coisa para o cinema é apenas replicar a história em um novo formato ou uma nova linguagem. É muito mais do que isso. Colocar um livro, uma série ou até mesmo um filme de outros tempos ou de outros países em um cinema novo e moderno é um desafio e tanto. É preciso ter ali não só a história, mas a essência daquilo, o sentimento. Por isso dá para dizer, com firmeza, que A Megera Domada não consegue adaptar Shakespeare.
Inspirado na clássica peça do autor britânico, a comédia romântica da Netflix conta a história de Kaśka (Magdalena Lamparska), uma jovem que larga o namorado após uma traição e decide voltar para sua cidade natal, Zakopane, na Polônia. Com isso, ela atrapalha os planos de irmão em vender o patrimônio da família para uma empresária gananciosa. É aí que surge a figura do "galã contratado", vivido por Mikolaj Roznerski, que precisa seduzi-la para que mude de ideia.
Obviamente, a diretora Anna Wieczur-Bluszcz faz mudanças do texto de Shakespeare para que ele seja mais localizado, seja em questões temporais ou locais -- aspectos culturais da Polônia, por exemplo, são bem identificáveis. No entanto, de novo: só isso não é fazer adaptação. A Megera Domada não tem o mesmo sentimento, a mesma emoção do texto de Shakespeare. O filme perde em graça e em romance, sem conseguir trazer a força que o texto original tem.
Na gana de fazer com que A Megera Domada seja mais atual, a trama se perde. Lamparska (de 365 dni) não tem qualquer química com seu par romântico, dificultando o mergulho da audiência na história que está sendo contada. Não torcemos para que fiquem juntos, não ficamos preocupados quando as coisas vão mal. Simplesmente ficamos impassíveis aos caminhos que o casal principal segue -- talvez o único problema que uma comédia romântica não pode seguir.
Enfim: A Megera Domada não chega lá, não faz efeito e não justifica a necessidade de uma nova adaptação -- já tivemos, afinal, desde o clássico com Elizabeth Taylor e Richard Burton até 10 Coisas que Eu Odeio em Você. É preciso cuidado e atenção para fazer uma adaptação sem perder o fio da meada, sem fazer com que a história suma. E, infelizmente, é justamente o que a Netflix faz com esse texto clássico de Shakespeare. Será que realmente precisava disso?
![](https://static.wixstatic.com/media/894d3e_b730f87e9a744c18b6e0917cb454a951~mv2.jpg/v1/fill/w_642,h_156,al_c,q_80,enc_auto/894d3e_b730f87e9a744c18b6e0917cb454a951~mv2.jpg)
![](https://static.wixstatic.com/media/894d3e_b9e02574ec58416fb4367bb98b8f18b8~mv2.jpg/v1/fill/w_980,h_298,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/894d3e_b9e02574ec58416fb4367bb98b8f18b8~mv2.jpg)
Комментарии