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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Suspeita' até inspira tensão, mas erra com história previsível


Convenhamos: Glória Pires é um acontecimento do audiovisual brasileiro. Potente em cena, ela sabe como traduzir silêncio em emoção e, acima de tudo, como transformar suas personagens em pessoas. Sentimos verdade em sua atuação. E isso não é diferente com o filme A Suspeita, um dos melhores trabalhos de Glória no cinema e que chega às salas nesta quinta-feira, 16.


Dirigido por Pedro Peregrino, conhecido por seu trabalho com novelas, o longa-metragem conta a história da investigadora Lúcia (Glória) que, durante uma investigação sobre o tráfico, presencia uma cena que não faz sentido: seu colega mata um escritor que estava sendo investigado e, depois, é morto por um terceiro na sua frente. Ela, enquanto isso, sobrevive.


Além disso, um complicador: apesar de estar na casa dos 50 anos, Lúcia já começa a enfrentar os efeitos do Mal de Alzheimer. Esquece coisas, não lembra onde fica seu apartamento, erra letras. São pequenas mudanças que vão afetando sua rotina e, com isso, prejudicando o trabalho como investigadora. Como conduzir uma investigação como essa quando a memória é inimiga?

A Suspeita, assim, tem uma premissa interessante e que consegue sair do lugar-comum -- ainda que tenha similaridades com o recente Assassino sem Rastro, por exemplo. Só que os pontos positivos do longa-metragem param por aí, em Glória e na premissa. O filme, afinal, tem um problema central: toda sua história se torna absolutamente previsível, banal, genérica.


Já assisti ao filme duas vezes, em duas ocasiões distintas e em mídias diferentes. Revi ele ontem a partir da data que escrevo esse texto. E apesar de ter prestado atenção nas duas vezes, já não lembrava mais de detalhes da história. O motivo é que tudo é absolutamente genérico. Quase nada é memorável além desses pontos já levantadas. O esquecimento consome o filme.


E o final.. Ah, o final. Não poderia ser mais óbvio. Mostra essa completa falta de ousadia de um roteiro assinado a oito mãos (Newton Cannito, Fernanda De Capua, Thiago Dottori, Luiz Eduardo Soares) e que, mesmo com uma ideia tão boa e uma atriz tão competente em mãos, entrega algo que, daqui alguns meses, será lembrado por poucos, muito poucos. Pena: merecia mais.

 

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