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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Terra e o Sangue', da Netflix, é filme de ação fraco e genérico


Em 2018, o astro Jason Momoa protagonizou o longa-metragem Perigo na Montanha. É um filme esquecível, pouquíssimo conhecido, sobre um humilde madeireiro na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá que se vê alvo de uma emboscada armada por um chefão do tráfico. E que surpresa assistir A Terra e o Sangue, cópia francesa descarada do longa-metragem de Momoa.


Na trama, Said (Sami Bouajila) é o dono de uma serralheria prestes a ser vendida. Afinal, ele está doente e precisa de dinheiro. Já está em negociações avançadas, e a vida parece tomar um rumo certeiro, até que o jovem funcionário Yanis (Samy Seghir), cria um problema sem precedentes para o protagonista: leva cocaína roubada de um cartel para dentro da serralheria.


É aí que surgem os criminosos, dispostos a passar por cima de Yanis, de Said e da filha surda Sarah (Sofia Lesaffre) para obter o carregamento de volta. Tiro pra todo lado, mortos no chão.


Dirigido pelo francês Julien Leclercq (do mediano O Resgate), A Terra e o Sangue não apresenta grandes momentos, nem mesmo uma trama memorável. Assim como o recente O Declínio, também da Netflix, o objetivo é mostrar um punhado de personagens tentando sobreviver. Seres humanos fugindo de outros seres humanos. Nada muito inventivo, nada fora do normal. Básico.

O cineasta em momento algum consegue trazer alguma profundidade aos personagens, nem mesmo à situação como um todo. Há um ou outro rompante de criatividade fílmica, como um momento de tensão protagonizado pela filha e que, como som, há apenas a respiração ofegante da garota surda. Mas nada que, de fato, destaque este longa-metragem francês na Netflix.


Até mesmo Sami Bouajila, bom ator de filmes como Nova York Sitiada e A Família de Félix, consegue cativar ou impressionar. É um personagem raso como um pires de café, sem vida.


Para quem assistiu ao filme de Momoa que citei no começo do texto, a experiência é ainda pior. As semelhanças são exageradas. São filmes muito similares. E pior: ainda que não seja nenhuma obra-prima, a produção de 2018 consegue apresentar momentos mais interessantes e marcantes para o espectador. Lembro do filme visto há dois anos, mas não deste visto há horas.


É, de novo, mais uma aposta furada da Netflix. Um filme que não vai ser lembrado, não vai ser comentado, não vai ser assistido. Difícil entender esse caminho. Compram os direitos ou produzem obras que não agregam absolutamente em nada. E pior: há tantos projetos bons por aí esperando financiamento! Que a Netflix olhe para o mercado independente mais atentamente.

 
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