top of page
Buscar
  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Anna' é divertida volta de Luc Besson às origens


Na última vez que Luc Besson esteve nas telonas brasileiras, a decepção foi geral. Ele dirigiu a ficção científica Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, filme que todo mundo achou que seria um novo Quinto Elemento e que acabou se tornando um dos maiores e mais retumbantes fracassos na carreira do diretor francês. Agora, Besson volta às origens, bebe da fonte de Nikita, e lança o divertido e empolgante Anna -- e que, aqui no Brasil, ganhou o subtítulo de "o perigo tem nome". Brega até o último fio de cabelo.

Mas voltando ao filme. Anna acompanha a história da personagem homônima (Sasha Luss) que é um enigma em tela. Bonita, esbelta e inteligente, ela vai se revelando aos poucos. Começa como uma modelo de carreira meteórica, logo se revela espiã internacional e, aos poucos, vai se transformando. É uma metamorfose na tela. E quem tem que acompanhar isso são seus parceiros e colegas, como o agente Lenny (Cillian Murphy), o russo Alex (Luke Evans) e a chefona da KGB, Olga (a ótima Helen Mirren).

A partir disso, Besson se diverte como há tempos não se divertia. Nada da tecnologia pretensiosa de Lucy, nada da universalização fracassada de Valerian. Aqui, ele aposta na violência gratuita e no humor inesperado para se divertir. A trama corre rápido, apesar das inúmeras idas e vindas temporais, e flui de uma maneira leve e elegante. Apesar de parecer em forma e conteúdo com Atômica, ele é mais fácil de seguir. E por mais que o didatismo tire pontos no final, deve fazer com que o público se conecte mais no filme.

E em tempos em que John Wick é o mandante nos filmes de ação raiz, a sensação inicial é que a maneira de Luc Besson contar uma história de ação está ultrapassada. Alguns ângulos parecem saídos da Tela Quente dos anos 1990, há licenças poéticas vindas dos anos 1980. Mas, no geral, Anna se mostra como um filme inteligente e sagaz, levando o espectador para uma ambientação que vai muito além dos cenários e dos figurinos.

O elenco, no geral, está bem. Sasha Luss, que faz seu segundo papel após uma ponta em Valerian, apresenta uma boa forma física, mas fraca atuação. No geral, agrada -- e funciona como uma modelo padrão. Luke Evans (A Bela e a Fera, o live action) e Cillian Murphy (Dunkirk) estão bem em seus papéis, apesar de estarem em subtramas sem muita relevância ou explicação. Quem rouba a cena mesmo é Mirren (Ella e John), que vive uma personagem de características bem peculiares. Diverte e surpreende.

Anna é um filme divertido. Por vezes parece datado, em outras apresenta falhas ou excessos no roteiro -- como os inúmeros e didáticos passeios temporais. Mas não adianta: Luc Besson é mestre em fazer filmes que não se levam a sério e que, no final, se tornam queridos de tão gostosos que são para assistir. Passam o tempo, divertem. E recomendo ver esse filme em dobradinha com Nikita. Fiz isso antes de ir pro cinema e a experiência foi ainda mais divertida. Se for fã, quem sabe fazer trio com Lucy? Besson é um cineasta com uma marca registrada, um formato. Que felizmente está de volta.

 

0 comentário
bottom of page