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Crítica: 'Baila, Vini', da Netflix, é filme de relações públicas -- e só

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • há 10 minutos
  • 2 min de leitura

Quando estudei jornalismo na universidade, e me aprofundei no mundo do documentário, entendi, logo de cara, que esse gênero do cinema (ou seria linguagem?) é apropriada para que um cineasta marque seu ponto de vista. Pode ser contando a história de uma pessoa, de um evento, de um espaço, de um acontecimento cultural. O que importa é o cineasta pôr sua visão.


Me pergunto, então, o que é exatamente um filme como Baila, Vini, estreia da Netflix desta quinta-feira, 15. Com ecos dos filmes e séries sobre nomes como Anitta e Luísa Sonza, o novo longa-metragem tem um erro quase fatal: não ter nada de novo a contar, nada a acrescentar.


Oras, não quero, de verdade, comparar Vini Jr. -- o biografado desse novo documentário -- com as duas cantoras que citei. Uma é deslumbrada, como já vimos em diferentes produtos audiovisuais da própria Netflix, e a outra diminui a força de sua carreira com bastidores complicados, pra dizer o mínimo. Vini é um rapaz com ideias formadas, conceitos, propósitos.

No entanto, repare: é um rapaz. Tem apenas 24 anos e, mesmo assim, já é tema de um documentário da Netflix. Como? É pouco tempo para que um cineasta, neste caso Andrucha Waddington (de Vitória), consiga ter algo a dizer, a refletir, a elaborar, a aprofundar. Tudo é muito raso e não passa, infelizmente, de um exercício masturbatório de relações públicas. E só.


É um documentário ruim? Não. Há bons registros do cotidiano de Vini, boas entrevistas e algumas declarações potentes. Mas Baila, Vini não encontra espaço para ser algo além de um produto encomendado. E isso incomoda -- e como! Afinal, documentários precisam transmitir ideias e este filme, no geral, não tem nada de novo. É uma puxação de saco sem fim.


Se pensarmos no universo do futebol brasileiro masculino, poderíamos ter bons filmes sobre figuras como Rivaldo, Branco, Rivelino, Tafarel, Zico, Garrincha e por aí vai. Por que o Vini agora? Fica a sensação de que o cinema está indo atrás de ondas do momento, não de histórias.


O fato é que talvez tenhamos um bom documentário daqui 30 anos, quando Vini Jr. já tiver se aposentado e tivermos, acima de tudo, noção de quem foi ele não apenas no futebol, mas no esporte. Por enquanto, existem promessas e, cá entre nós, não temos bons documentários apenas com ideias, promessas, torcidas. Era precisa algo sólido. E isso ficou pelo caminho.


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