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Crítica: 'Hurry Up Tomorrow' é exercício de autoindulgência de The Weeknd

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • 15 de mai.
  • 2 min de leitura

O novo projeto audiovisual de The Weeknd, Hurry Up Tomorrow, que estreia esta quinta-feira, 15, nos cinemas brasileiros, representa perfeitamente o problema quando artistas musicais ganham poder demais no universo cinematográfico sem ter o que dizer.


Confesso de início: minha relação com a obra de Abel Tesfaye é praticamente inexistente. Meu conhecimento sobre ele vem majoritariamente de suas incursões audiovisuais, especialmente após o fiasco de The Idol - série que ele sequestrou criativamente ao demitir a diretora original e transformá-la, junto com Sam Levinson, em um projeto desastroso.


Esta nova empreitada, dirigida pelo talentoso Trey Edward Shults (conhecido pelo excelente Ao Cair da Noite), não passa de um videoclipe superdimensionado disfarçado de "álbum visual" - termo pretensioso para um produto sem substância.

A trama, se é que podemos chamar assim, acompanha The Weeknd interpretando a si mesmo como um artista atormentado, dividido entre as pressões da fama, um empresário complicado (Barry Keoghan) e um antigo romance (Jenna Ortega). Durante 105 intermináveis minutos, somos arrastados por uma narrativa supostamente experimental que nada mais é que uma celebração vazia do próprio artista.


O roteiro, assinado por Reza Fahim, Shults e o próprio Weeknd, carece de qualquer profundidade ou narrativa consistente. Personagens secundários existem apenas para reverenciar o protagonista - desde o empresário constantemente elogiando sua "voz angelical" (lembrando que o próprio artista escreveu isso sobre si) até uma cena bizarra de tortura onde mesmo quem o tortura faz questão de exaltar seu talento.


Ao final da projeção, sentia-me como refém de um monumento à vaidade. É impossível não lembrar da série O Estúdio da Apple TV+, onde executivos não conseguem dizer não a um diretor consagrado mesmo diante de um projeto obviamente falho. Imagino os representantes da Lionsgate no mesmo dilema: quem ousaria barrar o projeto "artístico" de The Weeknd?


E assim, enquanto as luzes se acendiam na sala, só conseguia pensar: em que ponto o cinema se perdeu para permitir tamanha autoindulgência?


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