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Crítica: 'Thunderbolts*' coloca Marvel de volta ao jogo -- pelo menos, por enquanto

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • 30 de abr.
  • 3 min de leitura

Confesso que fui assistir a Thunderbolts* com os dois pés atrás. A Marvel Studios, afinal, está em seu pior momento com filmes entre péssimos e regulares, como Deadpool e Wolverine, Pantera Negra: Wakanda para Sempre, Quantumania e afins. Além disso, todo o material de divulgação do filme, estreia desta quinta-feira, 1, parecia o arremedo de uma série genérica ou a tentativa de fazer algo engraçadão, mas sem rumo. Estava errado em tudo isso, felizmente.


O longa-metragem, dirigido por Jake Schreier (de Treta e Cidades de Papel), parece na superfície uma tentativa da Marvel Studios em fazer seu Esquadrão Suicida. Mas não é bem isso: o filme fala sobre esses anti-heróis, que viviam até então à margem do mundo dos heróis.


Yelena (Florence Pugh) está cansada de apenas ser aquela mercenária que vai atrás de tudo o que Valentina (Julia Louis-Dreyfus) pede; John Walker (Wyatt Russell) não quer ser apenas aquele Capitão América do passado; Guardião Vermelho (David Harbour) também vive triste por não ter oportunidades; e Bucky (Sebastian Stan) parece decepcionado como político dos EUA.


De novo: Thunderbolts* poderia ser apenas mais um genérico da Marvel, uma tentativa de ser o que James Gunn fez com Esquadrão Suicida na DC. Mas não. Pela primeira vez desde Ultimato, a Marvel parece saber o rumo que está tomando. As coisas possuem mais forma do que todo o restante, que ficava andando em círculos tentando compreender melhor o futuro real do MCU.


Aqui, não há nada de multiverso, de participações especiais e bobagens do tipo, que, nos últimos anos, tomaram conta de tudo no universo da Marvel. Schreier está mais interessado em explorar a solidão desses personagens marginalizados e entender o psicológico deles.

Não à toa, o vilão do filme, interpretado por Lewis Pullman, é a síntese de tudo isso que esses personagens vivem e sentem -- não vou entrar em mais detalhes no texto para evitar críticas por spoilers. Mas, em um movimento ousado, Thunderbolts* fala sobre solidão, depressão, tristeza e tudo isso mais. Muitos chama a equipe de "Vingadores emos" e é por aí mesmo, por mais que o apelido não alcance a complexidade geral dos sentimentos desses personagens.


Engana-se, porém, quem pensa que o filme é um dramalhão sobre heróis lutando contra esses sentimentos. Há, sim, boas cenas de ação (por mais que os efeitos especiais sejam ruins, como é de praxe nas últimas produções da Marvel) e algumas boas sacadas de comédia, bem concentradas no personagem de David Harbour, que parece se deliciar sendo um coadjuvante.


E, como há tempos não víamos, existe equilíbrio nisso tudo. Encontramos drama, comédia, ação em boas doses, sem exageros. Tudo isso ainda é elevado em qualidade por conta do elenco afiadíssimo: Russell convence como esse Capitão América ultrapassado (cá entre nós, é melhor do que Sam Wilson); Harbour se diverte em cena, como já falamos; Stan está confortável como esse "decano dos heróis" e Hannah John-Kamen entrega boas cenas de ação como Fantasma.


Mas o maior destaque, de longe, é Florence Pugh. A atriz, que já se destacou em produções como Não se Preocupe, Querida, Adoráveis Mulheres, Midsommar e Lady Macbeth, apenas se reafirma como uma grande atriz. Ela é o ponto alto do filme, conseguindo conduzir o drama da coisa toda com leveza, mas também com a profundidade necessária. Fica muito acima de todos os outros em cena e amplifica a força de Thunderbolts*, indo além do pastelão que parecia.


Assim, há uma nova esperança para a Marvel. Uma luz no fim do túnel. Obviamente, um único filme bom dentre uma dezena de ruins não é garantia de virada. No entanto, fazer um filme com boas ideias, bons personagens e, sobretudo, com um ótimo elenco é um sinal e tanto para um futuro mais promissor -- ainda mais com tudo que o tal asterisco no título simboliza no final.


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