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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Cracolândia' é documentário vigoroso sobre região de São Paulo


Que documentário mais importante, profundo e reflexivo é Cracolândia, de Edu Felistoque e exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Apartidário e distante de ideologias que afetam o debate, mas consciente da importância de discutir o tema, o documentário é até agora uma das surpresas mais positivas da mostra e nos ajuda a ir além em um ano eleitoral.


Afinal, o filme não apenas fala sobre o que é e como se configura a Cracolândia -- para quem não sabe, é um conjunto de ruas na região central de São Paulo tomada por viciados e traficantes de crack. Ainda que isso tenha um aspecto importante na história, principalmente ao falar das dinâmicas do local, Felistoque quer ir além. Quer trazer reflexões, ideias, provocações.


E isso surge a partir de extensas e bem colocadas entrevistas com especialistas, de todo o mundo, que mostram maneiras e diferentes olhares sobre como a Cracolândia pode ser combatida. Há, aqui, desde ONGs que atuam diretamente na vida desses dependentes químicos até médicos e ex-viciados. São diferentes olhares sobre um mesmo problema, mesma questão.

Com isso, rapidamente, Cracolândia cria um mosaico rico de informações para que nós, espectadores, entendamos melhor os caminhos e meandros para combater esse tipo de aglomeração. Não há respostas prontas. Há pontos de partidas, ricos de informações, para que se pense em soluções conjuntas para unir saúde, saúde mental, política, sociedade, etc.


Uma pena que na última cena, no último momento, haja uma consideração sobre o "entrevistador" do documentário que acabou entrando num cargo público. Por mais bem intencionado que seja, fica a sensação de que tudo não passou de uma grande propaganda política. Causa desconforto e o filme termina mal. Podia tirar isso. Não precisa.


Mas, de resto, Cracolândia é mais do que um filme necessário. É urgente. Afinal, urge a necessidade de encontrar uma solução para esse problema tão aflitivo na cidade de São Paulo e que nunca é solucionado. Quem sabe, se olharmos para frente e o que é feito em países nórdicos, também mostrado no filme, saiamos dessa crise mais fortes e unidos. Quem sabe.

 
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