Quando falamos em filmes do canal Hallmark, muitas pessoas já entendemos do que estamos falando. Geralmente são filmes de romance, com casais brancos e de classe média como protagonistas, sem nenhum grande destaque -- e sempre apostando em histórias óbvias de amor. Eternos Companheiros é um filme vindo diretamente da China. Mas parece um Hallmark.
Dirigido pelo chinês Wing-Cheong Law (de A Fúria de Vajra), o longa-metragem é uma espécie de Marley & Eu. Mostra a relação de um homem solitário com seu labrador. No entanto, aqui o coração da trama não é o cachorro ser bagunceiro ou algo do tipo. Q, a cadela do protagonista Li Baoting (Simon Yam), é um cão-guia. Ela se torna a visão desse homem se adaptado à cegueira.
A partir daí, acompanhamos todos os desdobramentos dessa história, com Baoting entendendo melhor sua cadela, enquanto os laços vão se estreitando -- apesar de um começo bastante conturbado. Law investe o tempo todo em mesmices desses filmes da Hallmark (ainda que não tenha um romance no meio), numa estética que remete àqueles mesmos longas de sempre.
Tudo se desenrola de uma maneira óbvia, previsível. Sabemos como a trama vai se desenvolver e, pior ainda, terminar. Os atores também são um desastre. Tirando os cachorros, bem treinados e com as melhores cenas do filme, nada funciona. A menina que interpreta a antiga dona de Q não consegue dar a emoção necessária e Yam fica perdido nessas atuações sem rumo e força.
Mas, caro leitor, nem tudo é desastre. Law consegue encontrar alguns momentos de emoção genuína e as músicas do longa, bem encaixadas, dão o tom em momentos-chave. E o final, apesar de ser tudo aquilo que sabemos, é bonito. A cena do pôster, de Baoting atravessando uma rua com Q, é de arrepiar. Óbvia e piegas? Com certeza. Mas ainda assim emocionante.
Assim, Eternos Companheiros é daqueles filmes indolores. Não é bom -- pelo contrário tem momentos realmente ruins, alguns vergonhosos. Mas a emoção, mesmo aos trancos e barrancos, consegue surgir no meio do caos. O segredo é focar na jornada do cachorro, em seu olhar na história. Quem souber embarcar nisso e esquecer os problemas, vai se emocionar.
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