Crítica: ‘Jurassic World: Recomeço’ é divertimento garantido, apesar da bizarrice
- Matheus Mans
- 2 de jul.
- 3 min de leitura

Quando uma franquia de filmes chega ao seu sétimo capítulo, o que ela tem para contar de novo? Tom Cruise pulou com uma moto de um desfiladeiro, Vin Diesel recriou o falecido Paul Walker digitalmente, Voldemort finalmente atacou e destruiu boa parte do mundo dos bruxos. E o que uma franquia como Jurassic Park pode fazer nessa altura? O que pode ter na sétima história de dinossauros que foram recriados por meio de experimentos genéticos?
Jurassic World: Recomeço, estreia desta quinta-feira, 3, mostra que não há limites para os absurdos cometidos na ânsia de continuar uma franquia. Dirigido pelo competente Gareth Edwards (Rogue One, Godzilla), o sétimo capítulo da saga deixa tudo maior e mais complicado. Agora, um grupo de mercenários (Scarlett Johansson, Jonathan Bailey, Rupert Friend e Mahershala Ali) precisa conseguir amostras de sangue dos três maiores dinos.
E é essa a jornada que guia o longa-metragem, em roteiro de David Koepp (o roteirista do original Jurassic Park, além de obras como Homem-Aranha e Missão: Impossível). Sobrevivência continua sendo uma palavra-chave para os personagens, mas agora todo o entretenimento fica um pouco de lado. Não há mais um parque exatamente, mas sim ilhas em que os dinossauros, que passaram a habitar todo o mundo, ficaram enfim restritos.
De alguma forma, é uma espécie de recriação de O Mundo Perdido: Jurassic Park. Koepp, que também é roteirista desse longa de 1997, aposta na mesma fórmula de falar sobre especialistas em uma ilha tentando resolver uma situação envolvendo pesquisa, ecologia e ciência. Limites ficam ainda mais esfumaçados, enquanto a luta pela sobrevivência surge.
Este novo filme, assim, parece O Mundo Perdido depois de uma boa dose de esteróides. A ameaça dos dinossauros, afinal, é maior por conta dos híbridos e dos testes genéticos que se desenrolaram ao longo da trilogia Jurassic World. Acredite: temos um t-rex de seis patas.
Esse esforço, que beira o ridículo (ou já seria ridículo?), mostra como não é tão banal fazer sequências de grandes franquias hoje em dia. Tudo precisa ser maior. Afinal, os executivos devem se perguntar se as pessoas pagariam para apenas assistir ao t-rex perseguindo pessoas de novo. Na visão deles, com certeza não. Por isso, surgem ideias e abominações como esse dinossauro de seis patas e outras criaturas que parecem vindas do espaço.
Ainda assim, mesmo sem senso de ridículo, Jurassic World: Recomeço funciona como um bom entretenimento. Obviamente, esses exageros podem tirar muitas pessoas de dentro do filme -- sem dúvidas, muitos espectadores vão simplesmente revirar os olhos, bufar e desistir do que está passando na telona. Quem resistir, porém, vai encontrar boas cenas de aventura e ação, empacotadas dentro dessa história que causa senso de aconchego.
Uma cena em um rio, por exemplo, parece uma recriação moderna (e ao mesmo tempo jurássica) de Tubarão. Uma outra sequência envolvendo um rio, um bote amarelo inflável e um tiranossauro talvez seja a melhor coisa já feito com essa criatura gigante -- ao lado da cena dos jipes do primeiro filme e a boa sacada (talvez única) de Jurassic World, quando chamam o t-rex pra briga. Algumas outras cenas que recriam acertos do passado, como toda uma sequência dentro de uma loja, são boas, mas parecem trazer pouca novidade.
No final, a sensação que fica é de que Jurassic World: Recomeço, mesmo sem grandes sacadas e com algumas bizarrices, é uma boa diversão -- acho, pelo menos, consideravelmente melhor do que as bobagens de Chris Pratt durante a trilogia estrelada por ele. Há, sim, alguns sinais de que a franquia está chegando num ponto de exaustão difícil de retornar. Mas, por enquanto, dá para se divertir e dar algumas boas risadas.


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