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Crítica: 'Lucicreide vai pra Marte' é besteirol nacional que não empolga

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • 4 de mar. de 2021
  • 2 min de leitura

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A personagem Lucicreide entrou no imaginário popular brasileiro no longínquo 1999, quando Fabiana Karla ganhou um espaço no humorístico Zorra Total, da TV Globo. Lá, ela deu vida e camadas à personagem nordestina que sintetiza todo um povo, todo um jeito de agir e de falar -- além de cristalizar ainda mais alguns estereótipos. Saiu do ar em 2015, dezesseis anos depois.


Agora, a personagem de Fabiana Karla ganha uma nova oportunidade no audiovisual com o filme Lucicreide vai pra Marte. Dirigido por Rodrigo Cesar (de Tá Puxado), o longa-metragem coloca a personagem nordestina no espaço. Ou quase isso. Afinal, Lucicreide (Karla) está chateada por conta da presença tóxica de sua sogra em casa, influenciando até mesmo os netos.


Desiludida e chateada, Lucicreide decide largar tudo pra trás e partir para um programa espacial só de ida para Marte -- com a influência do filho do patrão, que vê o pai cada vez mais imerso nessa história da viagem interplanetária. Selecionada, ela acaba indo para a NASA participar de uma série de testes com um objetivo único de entender se Lucicreide está apta para a viagem.


É inegável que o filme tem algumas sacadas, como a resistência da protagonista frente aos desafios da NASA, alguns tiques inteligentes de Fabiana Karla e a boa interação com tema que beira o absurdo. No entanto, os pontos positivos param por aí. O filme, no geral, não tem graça nenhuma. Todas as situações são forçadas demais, como em Crô ou Até que a Sorte nos Separe.

É difícil para o espectador mergulhar naquela história, na proposta geral do diretor Rodrigo Cesar. O elenco de apoio ruim, além de participações de revirar o estômago, como Carlinhos Maia e o ministro marcos pontes (em minúsculo de propósito, ok?), enfraquecem ainda mais o filme. A sensação é de que a personagem foi usada em um roteiro que não a favorece.


E isso que não falamos de alguns problemas técnicos que deixam o filme ainda mais estranho, ainda mais sem pé nem cabeça. Toda história é um flashback que, também, não se encaixa dentro da narrativa proposta. Fica sobrando e não se faz necessário. Além disso, o diretor usa artifícios vazios de câmera, como uns cortes abruptos e um zoom, só para se exibir à toa.


Além disso, a sensação que muitos podem ter é de que Lucicreide é uma piada que envelheceu mal e que a melhor saída aqui é deixar a personagem apenas na memória afetiva. Muitas piadas reforçam estereótipos que já se esgotaram. A personagem se tornou um clichê do que muitos pensam do que é o nordestino -- sem ter espaço para refletir para além disso, claro.


Obviamente, não podemos nos podar a partir do que os outros fazem de errado e pensam de errado. Mas também não dá para deixar de notar que o mundo evoluiu, mudou e que algumas coisas precisam ficar no passado. E se pelo menos Lucicreide vai pra Marte tivesse uma pontada de graça, daria para relevar isso. Mas não. Este é, sem dúvidas, um dos piores do ano.

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