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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Mark Felt’ tem boa história, mas falta ousadia

Atualizado: 12 de jan. de 2022


Muitos já conhecem -- ou pelo menos ouviram falar -- sobre o escândalo de Watergate. Só no cinema, por exemplo, a história já foi contada no célebre filme Todos os Homens do Presidente, com Dustin Hoffman e Robert Redford nos papéis dos jornalistas que revelaram o escândalo para mundo. Agora, porém, a sétima arte dá um giro e conta a interessante e pouco conhecida história de Mark Felt, executivo do FBI e que serviu de fonte oculta aos dois jornalistas.

Em Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca, o diretor Peter Landesman (de Um Homem Entre Gigantes) nos apresenta bastidores da vida de Felt (interpretado por Liam Neeson), que navegou em águas perigosas para conseguir expor os problemas do FBI na década de 1980 ao mesmo tempo que era responsável pelas principais investigações da organização norte-americana. Uma clássico história de agente duplo que age por um bem maior da sociedade.

Landesman, porém, volta a entregar uma direção apenas regular -- como aconteceu com Um Homem Entre Gigantes e com JFK, a História Não Contada. Mesmo com a premissa interessante em mãos, o filme é apenas agradável de ver e o roteiro não avança. Mark Felt, por exemplo, sempre foi uma figura controversa para os americanos, mesmo tendo feito o que fez. No entanto, o cineasta entrega um filme com uma concepção pronta e lotado de frases prontas.

Além disso, há um interessante ponto de intersecção entre Todos Homens do Presidente e Mark Felt, numa garagem, que poderia render uma cena estupenda -- seria, sem dúvidas, uma bela homenagem ao cinema. O diretor, novamente, porém, mostra que não está com vontade de usar sua criatividade. Faz uma cena sem emoção, só com frases prontas. E vale acrescentar: Felt, perto de sua aposentadoria, é condenado por omitir algumas informações. O filme aqui, porém, mal toca no assunto.

Landesman também mostra total falta de aptidão para fazer brincadeiras narrativas. Felt, por anos, ficou nas sombras e seu nome só foi ser revelado décadas depois, quando já era aposentado. O diretor, porém, não usa isso a seu favor e entrega uma trama crua, sem nem fazer brincadeiras com a fotografia ou a luz da cena. Tudo é muito certo, muito linear, muito normal. Falta uma pitada de ousadia para uma história que merecia isso. Faltou coragem para arriscar.

Liam Neeson, mesmo com um material tão apático, consegue entregar boa atuação -- mas nada digno de Oscar, como tentou Will Smith com o outro filme de Landesman. Os seus modos são contidos, como o personagem exige, e ele tem a capacidade interpretativa de deixar cada uma de suas atitudes com dúvidas no espectador. Novamente, mostra que tem mais capacidade do que parece. Diane Lane, o outro destaque do elenco, está apenas bem e sem muito espaço.

Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca é um filme com imenso potencial, mas na mão de um diretor fraco, sem criatividade e sem um pingo de ousadia. Landesman teve três chances de mostrar potencial e falhou nas três. Agora, é torcer para que essa história volte a ser contada outra vez, por meio de outro olhar. Dessa vez, definitivamente, ficamos apenas com um filme bom. E Mark Felt, sem dúvidas, merecia um filme tão interessante quanto sua figura.

BOM

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