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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Quinto Set', da Netflix, é filme certeiro para fãs de tênis


Ainda que o uso de competições seja algo corriqueiro nos cinemas, dada a energia quase natural que é passada ao espectador, o tênis é pouquíssimo representado. De cabeça, dá para lembrar apenas de Borg vs McEnroe, A Guerra dos Sexos e Ponto Final. Mas, com exceção do primeiro, são filmes pouco focados no jogo em si. Por isso é interessante a tentativa de O Quinto Set.


Filme da Netflix que chegou ao catálogo nesta sexta-feira, 27, o longa-metragem francês conta a história de Thomas (Alex Lutz), um experiente jogador de tênis que viu sua vida parar. Afinal, começou como uma promessa bem jovem e, depois de uma derrota histórica, viu seu ritmo cair e a confiança desaparecer. Assim, aos 37 anos, ele tenta vitórias em seu último Roland Garros.


Sob a direção de Quentin Reynaud (de Paris-Willouby), o longa-metragem vai entrando cada vez mais no íntimo desse personagem em busca da redenção final. Acompanhamos, acima de tudo, como sua vida e comportamento vão mudando conforme sua fama retorna e ele avança na competição -- a relação com a esposa, com a mãe, a forma de agir em quadra, com a imprensa.


Com uma atuação modular de Lutz (O Doutor da Felicidade), vamos acompanhando essas transformações com uma naturalidade interessante. No entanto, Reynaud exagera um pouco quando, no segundo ato, coloca um excesso de questões rondando a cabeça do protagonista. A relação com a mãe e a esposa não se resolve, assim como discussões externas são mornas.


Em determinado momento, por exemplo, o roteiro introduz a relação do protagonista com uma criança prodígio -- é uma típica técnica de espelho, em que o protagonista vê seu passado representado em outro personagem. Apesar de ser uma muleta narrativa bem batida, poderia ter sido aproveitada mais. Mas serve apenas para criar um diálogo com a mãe. E acabou.


O filme se enrola. A coisa só volta a entrar no prumo no ato final, quando o cineasta toma uma decisão ousada, diferente do que vimos em Borg vs McEnroe e A Guerra dos Sexos, por exemplo: uma estética cinematográfica tradicional é abandonada para, assim, deixar os últimos vinte minutos do filme como se fosse realmente uma partida de tênis. Parece uma transmissão de TV.


Vale dizer que, neste momento, quem é familiarizado com o tênis vai ter mais espaço para se divertir. Afinal, há uma pontuação bem específica que precisa de algum conhecimento prévio.


Apesar do estranhamento inicial, este é um dos grandes acertos de O Quinto Set: a história ganha um verniz de veracidade, uma naturalidade que se perdeu do primeiro para o segundo ato da história. O filme termina bem, num ponto alto, e reafirmando a boa atuação de Alex Lutz. Poderia ser um pouco mais intenso e menos bagunçado, mas ainda assim acerta no esporte.


Afinal, o tênis é bastante visual e pode ser empolgante quando quer. É interessante ver mais experimentações do tipo com esportes que saiam do lugar-comum -- como o basquete, boxe e baseball. Há espaço para experimentações, como O Quinto Set mostra e deixa claro, principalmente em seu ato final. Só é preciso ter um pouco de coragem e ir além na linguagem.

 

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