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  • Bárbara Zago

Crítica: 'Ópera Aberta: Os Pescadores de Pérolas' é imersivo documentário


Pergunte à qualquer fã de cinema sobre seu diretor favorito e a resposta, na maior parte das vezes, será o nome de algum norte-americano ou europeu: Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick, David Fincher, Steven Spielberg, Quentin Tarantino e por aí vai. Não é como se não existissem bons diretores brasileiros, porque existem. Porém, muitas vezes, nosso favoritismo pela cultura internacional acaba deixando de lado grandes nomes nacionais, como é o caso de Fernando Meirelles.

Ao dirigir a obra adaptada de Paulo Lins, Cidade de Deus, Meirelles teve seu nome indicado à categoria de Melhor Diretor pela Academia em 2004, ainda que perdesse a estatueta para Peter Jackson com O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Dois anos depois, teve outro filme indicado ao Oscar, desta vez com O Jardineiro Fiel. A este ponto, o diretor já era reconhecido tanto nacional quanto internacionalmente pelo seu trabalho no cinema. No entanto, isto não foi um impeditivo para que o diretor se lançasse à novos desafios.

Ao receber um telefonema de um antigo amigo para dirigir uma ópera em Belém, Fernando Meirelles se viu diante de um território completamente desconhecido; afinal, não apenas não tinha experiência alguma no gênero como também estava longe de ser um fã de óperas e musicais. A reprodução de Pescadores de Pérolas, originalmente do compositor francês Georges Bizet, teve seu percurso muito bem registrado por Carlos Nader, que acompanhou os seis meses do desenvolvimento proposto por Meirelles.

Ópera Aberta é uma espécie de bastidores de todo o processo da montagem teatral, que revela desde comentários dos próprios protagonistas como o próprio funcionamento de uma ópera em si. É importante dizer que, ao assistir o documentário, entende-se perfeitamente a história da peça, no entanto, o espectador não tem acesso ao seu resultado final. Por conta disso, o ritmo pode soar um pouco estranho para quem espera uma espécie de filme, por exemplo.

Dividido em três atos, o documentário consiste no reencontro de dois amigos de infância, após muito tempo separados, numa vila de pescadores. Quando a aparição de uma mulher, por quem os dois eram apaixonados, traz à tona questões do passado, ambos se vêem obrigados a questionar o valor do amor e da amizade. Conforme os atores vão conduzindo o espectador às respectivas cenas, a melodia da ópera é explicada, e passa-se a entender sua grandeza e beleza naquele momento.

Os pouco mais de 100 minutos de duração passam a impressão de durarem muito mais; no entanto, não por conta de uma monotonia ou algo do gênero, mas sim pelo fato de a grande maioria do público leigo não estar acostumado a assistir o passo a passo de uma montagem teatral. Por vezes, torna-se repetitivo, pois o que temos contato é com o relato da peça, não da peça em si. Mesmo assim, não se pode negar que parece uma experiência imersiva, como se o espectador estivesse no Teatro da Paz, junto com Meirelles e todo o elenco.

Nem sempre a Ópera é uma temática muito próxima da nossa realidade. Mesmo assim, possui sua beleza e merece uma chance de ser compreendida. Realmente, assistir Ópera Aberta não transforma ninguém em especialista, mas permite sair da zona de conforto de uma forma extremamente cultural e agradável.

A produção pode ser conferida nos canais da HBO. Confira a programação AQUI.

 

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