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Fazia tempo que não sentia tanta vergonha alheia quanto minha experiência assistindo a Os Suburbanos, estreia dos cinemas nesta quinta-feira, 6. Dirigido por Luciano Sabino (da novela Deus Salve o Rei), o longa é uma história para as telonas da série que já fez sucesso, há algum tempo, na TV a cabo. E a sensação é de que essa história podia ter ficado esquecida, no passado.
Afinal, o longa-metragem não poderia ser mais fora de tom. Parece saído da metade da década passada, em um momento que não havia qualquer noção de como tratar temas como homofobia, preconceito e afins. Mas vamos lá: o longa-metragem conta a história de Jefinho (Rodrigo Sant'anna), um rapaz do subúrbio do Rio que sonha em ser famoso e ter dinheiro.
No entanto, para alcançar esse sonho, ele precisa passar por alguns obstáculos. Tenta fazer com que o dono de uma gravadora, que coincidentemente é casado com sua amante, conheça o grupo de pagode que ele é vocalista. Também precisa ajeitar a vida que leva, casado com Gislaine (Carla Cristina Cardoso) e morando com a avó (Mariah da Penha). Uma vida típica.
No entanto, para contar essa história, Sabino e Sant'anna -- que assina o roteiro -- passam por uma série de ofensas e preconceitos. Há uma trama envolvendo o excepcional ator Nando Cunha (O Novelo), por exemplo, que parece saída de uma esquete de 2012. Não só trata a homossexualidade de maneira torta, como também destila preconceito sem achar o tom.
Os Suburbanos também insiste em fazer o retrato dessa gente mais pobre, periférica, como se fossem pessoas primitivas. Não sabem se portar, conversar, nada. É um retrato inicialmente ingênuo, mas que logo transborda para algo mais grave -- esse preconceito que revestido de um humor que não poderia existir mais. É problemático, é chato, é cansativo e, acima disso, ruim.
Não há qualquer qualidade cinematográfica aqui. Em termos de comédia, uma única piada funciona durante todo o filme -- envolvendo Tim Maia e Babu Santana. Pior: essa deve ser a piada que o público vai menos pegar. De resto, não há uma única situação que não seja feita a humilhação ou degradação de algum tipo de pessoa, de alguma esfera da sociedade moderna.
A série homônima chegou ao ar em 2015 e ficou até 2018. O filme, se fosse realmente para existir, deveria ter ficado restrito nesse espaço-tempo. 2022 não comporta mais um filme como esse. Os Suburbanos é um ultraje de besteirol. Fico me questionando qual a pertinência de um filme como esse atualmente. De lembrança, fica apenas o constrangimento da sala de cinema quase em silêncio, cortada de vez em quando por um único riso masculino. Que situação.
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