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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Pedro e Inês' é bela, mas repetitiva fábula portuguesa


Portugal é uma terra recheada de lendas, mitos, histórias. Desde Dom Sebastião até chegar na forte história de D. Pedro I com sua amada, Inês de Castro. Foi um amor dilacerador, que não deixou pedra sobre pedra no reino português. Afinal, Inês não era a pretendida pelo pai de Pedro. Foi amor verdadeiro que nasceu nos confins do século XIV. Desafiou paradigmas e convenções.


Agora, a história chega aos cinemas no interessante Pedro e Inês. Dirigido por António Ferreira, do provocante Embargo, o longa-metragem é a adaptação do romance A Trança de Inês, de Rosa Lobato Faria. No entanto, não espere uma história tradicional sobre Dom Pedro I e Inês de Castro. Na verdade, o que António e Rosa fazem é reverter a História e amplificar os seus mitos.


Para isso, o longa-metragem mostra esses dois personagens em três tempos diferentes: no passado, mais precisamente no século XIV, quando a história aconteceu; no presente, com esses dois como publicitários em um relacionamento complicado; e, enfim, Pedro e Inês em um futuro distópico. Isso sem falar do próprio protagonista vivendo uma espécie de delírio numa clínica.

A partir daí, então, Ferreira brinca com a noção de fábulas e lendas ao colocar essa história de amor e ódio em três tempos diferentes. A estética disso, assim como o trabalho profundo dos atores Diogo Amaral e Joana de Verona, afasta o filme de um dramalhão sem pé nem cabeça. Ou, ainda, que tenha uma estética espírita ou coisa do tipo, de amores entrelaçados pelas vidas.


É, em essência, um filme de fantasia, de gênero, que brinca com padrões do romance e do drama europeus. É extremamente válido. No entanto, uma pena, há erros no roteiro do próprio António Ferreira. Apesar disso funcionar no livro, não há a mesma efetividade nas telas desse ciclo romântico entre três tempos. Mesmo com o esforço dos envolvidos, o filme é monótono.


Afinal, a história que acontece no século XIV é a mesma que, depois, transcorre na agência de publicitários. E que, depois, tem efeitos diretos no futuro distópico. O espectador, em determinado momento, entra nesse ciclo e Pedro e Inês se torna cansativo, maçante até. Com uma hora, já entendemos a dinâmica e o filme simplesmente não avança. Anda em círculos.


A beleza e o ineditismo da obra continua intocável, interessante -- e, com isso, é um filme que agrada. Mas não dá para negar o aspecto repetitivo do longa-metragem. Teria sido mais interessante se o roteiro brincasse com a temporalidade o tempo todo a partir da edição, com uma corrente de cenas que se intercalam, se intercambiam, mas com sentido único. Uma pena.

 
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